Por Jamildo Melo, editor do Blog O protesto dos cegonheiros, nesta terça-feira, no centro do Recife, é o ápice de uma escalada.

Muitos desavisados podem não saber, mas a intimidação contra a Fiat não começou agora.

No ano passado, os diretores da empresa chegaram a procurar o ex-governador João Lyra para denunciar a ação de sindicalistas profissionais, vindos de fora, que se instalaram no Estado com o objetivo de oferecer mundos e fundos aos profissionais do volante, mediante associação.

Além do governador, o grupo automobilístico procurou o então procurador-Geral do Estado, Aguinaldo Fenelon.

Na denuncia, a empresa protesta que sindiclaistas profissionais estão comercializando o negócio, prometendo o que não podem entregar.

No Espírito Santo, o mesmo expediente resultou em mortes.

O que se dizia era que haveria vagas para todo mundo, mas, como não foi possível atender a todos, o presidente de uma destes sindicatos acabou sendo morto em sua própria sala de trabalho.

Não dá para brincar com a vida dos outros.

LEIA TAMBÉM: » Mesmo sem Arco Metropolitano garantido, Fiat contratou empresa para logística e distribuição dos veículos As denunciam foram formalizadas depois que quatro carretas da Sada, a transportadora oficial da empresa, foram alvo de vandalismo, situação que o seguro não cobre.

Com uso de garrafas pet com gasolina, carros transportados acabaram sendo incendiados.

O diretor-comercial da Sada, Edson Luiz Pereira, foi pessoalmente ao governador João Lyra relatar que a empresa estava sendo vitima de intimidação.

No encontro, a empresa disse que fazia o alerta porque, conhecendo o setor, a empresa sabia que os sindicalistas iriam ao extremo.

Não bastasse a truculência, apareceram ainda quatro sindicatos, para representar os trabalhadores.

Com quem a empresa negocia?

Além da disputa puramente sindical, da quebra de braço com fornecedores que não foram escolhidos, existe ainda o próprio planejamento empresarial.

Ainda em 2009, o grupo automobilístico definiu a logística, aproveitando o uso das carretas que subiriam para o Nordeste voltassem carregadas.

Uma empresa não tem o direito de buscar eficiência em suas operações, ainda mais se se considerar que 75% da produção será comercializada fora da região?

Nas contas da empresa, com a escolha desta logística mais inteligente, serão 23 mil viagens a menos, com a economia também de óleo diesel e 100 mil quilômetros a menos.

Em meio a bagunça que se vê no Recife e no Brasil de hoje, especialmente contra o capital privado, talvez baste mesmo ocupar o Estelita.

Cegonheiros locais querem parar Recife nesta terça-feira para pressionar Fiat a contratar suas viagens