Reservatório de Botafogo com 16% da capacidade.
Foto: divulgação/Compesa Por Marcela Balbino e Paulo Veras, repórteres do Blog Em meio à estiagem que ronda Pernambuco, os reservatórios que abastecem a Região Metropolitana do Recife (RMR) ainda estão operando dentro da normalidade.
Apesar de a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) ter anunciado na última sexta-feira (20) que a Barragem de Botafogo, em Igarassu, no Grande Recife, está atuando com apenas 16% da capacidade, o reservatório representa metade do volume de Pirapama, no Cabo de Santo Agostinho, que está com 85,7% do volume total, e é considerada a maior da região.
Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac), que emite boletins periódicos sobre o nível das barragens, as represas do Sertão e do Agreste é que são motivo de preocupação.
Mais da metade entrou em colapso e a tendência é que o cenário se agrave, por causa do prolongamento dos meses de estiagem.
LEIA TAMBÉM: » Paulo Câmara revela preocupação com o abastecimento de água na Grande Recife » Compesa admite usar volume morto da barragem de Botafogo, que abastece a área norte da RMR O gerente de monitoramento e fiscalização da Apac, Clênio Torres, faz analogia com a seca na Grande São Paulo e explica que na RMR a situação é completamente diferente do Sudeste, porque os reservatórios atuam dentro da capacidade. “Temos que planejar, sim, e ter consciência de que é importante economizar água, mas a situação do Agreste e do Sertão é que está gravíssima”, alertou.
SERTÃO - Números da Apac apontam que reservatórios como os de Caiçara e Parnamirim, ambos localizados no Sertão, já entraram em colapso e estão usando o volume morto.
Isso significa, explica Clênio, que o nível da água está abaixo do nível necessário para ser captada pelos meios tradicionais.
O líquido tem que ser retirado por meio de carros-pipas ou equipamentos específicos para extraí-lo da terra.
A Barragem Engenheiro Francisco Sabóia, a maior de Pernambuco, localizada em Ibimirim, atingiu o volume morto.
Com capacidade para receber 504 milhões de m³, o reservatório está com 6,5% do total, o equivalente a 32 milhões de m³. “Isso ainda é muita água, mas não pode mais ser captado pelo meio convencional, nem pode mais ser monitorada”, observa o gerente de monitoramento da Apac.
O volume morto de Ibimirim é metade da capacidade total de Pirapama.
Barragem de Pirapama está com 85,7% da capacidade total e está fora de perigo.
Foto: Guga Matos/JC Imagem.
ABASTECIMENTO RECIFE - Atualmente, o Grande Recife é atendido pelas barragens de Tapacurá (hoje com 50,86% de sua capacidade), Botafogo (15,71%), Pirapama (85,37%), Duas Unas (57,60%), Várzea do Una (77,82%), Bita (48,38%), Utinga (74,87%), Sicupema (99,23%).
Além disso, no litoral de Pernambuco, o período de chuvas tem início no mês de maio, já no Sertão é quando as chuvas vão embora. “Então existe a perspectiva das chuvas voltarem e abastecerem os reservatórios da região, ao contrário do que ocorre no interior pernambucano”, explica Clênio.
No caso especificamente de Botafogo, a situação já é considerada crítica, uma vez que desde dezembro passado a Compesa intensificou o racionamento nas localidades abastecidas pela barragem em virtude do baixo nível (naquele mês o reservatório estava com 22%).
Caso não chova nos próximos 30 dias em Botafogo, a Compesa terá que fazer uso do volume morto.
A expectativa dos técnicos da companhia é que isso ocorra quando o reservatório atingir 14% do seu volume total.
Boletim monitoramento reservatorios_23_02_2015 from Portal NE10