Retirantes da Cantareira na Sala da Justiça. É piada, mas não tem muita graça.

Foto: Vladimir Paulino/NE10.

A crise hídrica que atinge a região Sudeste trouxe à tona para o País um problema que há tempos atinge milhares de pessoas no interior do nosso próprio Estado: a escassez de água.

Porém, neste Carnaval, bastava um rápido giro pelas ladeiras de Olinda para ver fantasias e referências das mais variadas à falta d’água.

Mas de brincadeira o tom às vezes resvalava na provocação e no deboche.

Logo em um problema tão próximo a nós, nordestinos.

Apesar de na Região Metropolitana do Recife a falta d’água não ser tão latente, no interior a escassez crônica do líquido tem atingido moradores de várias cidades do Agreste e do Sertão de Pernambuco.

E este ano é o quarto consecutivo de seca, já sendo considerada a maior dos últimos 50 anos.

E isso nada tem de engraçado.

Em uma rápida circulada pelo Carnaval, os sinais de desperdício de água e as brincadeiras contra os moradores de São Paulo eram comuns.

Em Olinda, uma família adaptou uma piscina de plástico, com direito a uma cascata d’água jorrando da boca de um peixe.

O fato não é inédito, mas este ano a “brincadeira” recebeu críticas de turistas, que lamentaram o estrago.

A celeuma ganhou contornos de briga regional quando alguns moradores revidaram os recados dos turistas com provocações como “aqui é Pernambuco, não é São Paulo” e “em São Paulo até a vaca vai dar leite em pó”.

Feio para o Estado, que é exposto em rede nacional com piadas preconceituosas.

Mas o fato é que problemas com escassez de água não estão restritos a São Paulo e tirar onda da desgraça alheia nada tem de irreverente.

Apesar da aparente inocência do criador da piscina móvel, ao afirmar à Folha de S.

Paulo que não está em clima de provocação, o fato é que o desperdício de água não é legal nem em São Paulo nem em Pernambuco.

O Carnaval está chegando ao fim, mas está é um reflexão sempre atual, seja qual for a época do ano.