Por Felipe Vieira, da coluna JC nas Ruas, do Jornal do Commercio desta quarta-feira (4).

Em sua fala mais contundente na coletiva de imprensa para apresentação do esquema de segurança do Carnaval, ontem, na sede da Secretaria de Defesa Social, o titular da pasta, Alessandro Carvalho, afirmou que, em caso de greve da Polícia Militar, deverá solicitar o apoio de forças nacionais para garantir a segurança no Estado.

E um passo importante na negociação para evitar a paralisação será dado hoje, quando os militares sentam à mesa com o governo pela segunda vez, às 15h, na sede da Secretaria de Administração.

O Executivo apresentará a primeira resposta aos pleitos da categoria, e a negociação não será fácil: os policiais querem uma política de carreiras que destrave as promoções da corporação.

Soldados, por exemplo, chegam a passar 20 anos até conseguir o posto de cabo.

Capitães superam os dez anos sem chegar a major.

O que está na mesa do governador, no momento, é a decisão entre dois custos: o político, com uma greve de policiais às portas do Carnaval, e o financeiro, no caso de atender a todas as reivindicações da categoria.

O contorcionismo com as planilhas não deve estar sendo pequeno, pois a conjuntura não é favorável: trata­se de um início de gestão, e num cenário econômico ­ nacional, inclusive ­ nebuloso.

Existe, claro, a hipótese de os policiais aceitarem a proposta de hoje, encerrando a celeuma.

Mas parece ser o mais improvável, quando se analisa o espírito aguerrido de reivindicação da tropa e a pindaíba pela qual passa o Executivo.

Se não for hoje, ainda há seis dias antes da fatídica assembleia do dia 10, prazo final dado pela categoria para uma resposta às reinvindicações.

Seis dias de mais contorcionismo contábil por parte do governo, de expectativa por parte dos PMs e, principalmente, de agonia para a população que não quer ver de novo o caos que se instalou nas ruas em maio do ano passado.