Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados Por Saulo Moreira, editor de Economia do Jornal do Commercio Mais uma vez a falha de nossos gestores aliada a um forte interesse populista coloca o País à beira de um racionamento.
Numa desesperada tentativa de evitá-lo, o governo Dilma Rousseff recorre à opção mais fácil e perversa: aumento de tarifas.
Para entender a crise que sacrifica milhões de consumidores é preciso voltar um pouco no tempo.
O chamado período úmido (novembro a abril, quando chove nas calhas dos rios que abastecem as hidrelétricas brasileiras) de 2011/2012 foi um dos melhores da história.
O governo, ainda em começo do primeiro mandato, ficava eufórico com os relatórios recebidos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e decidiu reduzir a tarifa de energia dos brasileiros.
A lógica era: “já que está chovendo acima da média, vamos gerar mais energia hidráulica, que é barata, desligar as termelétricas, que são caras, e baixar a conta de luz do povão.” Em 23 de janeiro de 2013, a presidente foi à TV e anunciou: “A conta de luz vai ficar 18% mais barata. É a primeira vez que isso ocorre no Brasil…” E continuou enaltecendo a grandeza de nosso parque energético.
Poucos sentiram a redução na conta de luz.
Mas o setor sofreu.
Sem se preocupar com o futuro e acreditando que São Pedro seria sempre camarada, Dilma autorizou a produção hídrica em larga escala.
As térmicas, que deveriam ser usadas exatamente para preservar a água nos reservatórios para o período seco (maio a outubro), foram desligadas.
E a poupança foi gasta.
Chegou o período da estiagem no ano passado e os reservatórios secaram.
Chegou o novo período úmido e não está chovendo o suficiente.
As térmicas, antes alijadas, estão sendo usadas a todo vapor.
Por causa delas não está havendo racionamento.
Só que as térmicas custam caro.
E é esta conta que está sendo paga agora.
Com um agravante.
No pior dos mundos, nem o tarifaço nos salvará.