Reinaldo Azevedo, na Folha de São Paulo desta sexta O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), emitiu uma nota em que apontou o estelionato eleitoral de Dilma Rousseff.

Anunciou que seu partido vai resistir ao pacotaço da governanta -que de Joaquim Levy não é, a menos que a reeleita tenha terceirizado o governo.

Aqui e ali, ouvem-se muxoxos contra essa postura da oposição.

Partem de setores do colunismo que, como é mesmo?, apreciavam o “PT responsável”: aquele de Antonio Palocci, não o dito “nacional-desenvolvimentista”, de Guido Mantega.

Mantega um nacional-desenvolvimentista?

Pelo Profeta Que Não Pode ser Desenhado!

A suruba conceitual no Brasil só é inferior à partidária.

Os adoradores do “petismo responsável” fazem mais mal ao Brasil do que a esquerda xexelenta.

Esta já perdeu o bonde faz tempo e só quer uma boquinha.

O mito da “competência” do PT na gestão da economia foi criado por aqueles outros, que transformaram o meio num fim em si mesmo.

Se o sujeito corta gastos, eleva juros e diminui subsídios, a forma vira conteúdo, e tudo parece estar no seu lugar, ainda que a elevação de 1,25 da Selic custe, no ano, o quanto se vai ganhar com o pacote fiscal.

Tara ideológica não reconhece a matemática como um saber.

Foi essa adesão burra ao “PT responsável” que silenciou o debate nos primeiros quatro anos do governo Lula, quando começou a se formar a fuça do Alien no ventre da impostura. “Que importa a cor do gato, desde que cace ratos?”, perguntavam.

A adesão à miúda ortodoxia da necessidade, convertida em novo umbral do saber econômico, impediu que se fizesse a descrição de um modelo.

Um modelo que iria quebrar as pernas da indústria, devolver o país à condição de economia primário-exportadora (e a China nos trai com crescimento de só 7,5%), transformar em consumo burro as janelas de oportunidades que o mundo nos abriu e eleger alguns ganhadores -e financiadores do petismo- com o leite de pata do BNDES.

Criou-se a versão falsa de que Mantega é que atrapalhou tudo.

Ora…

Ele não tinha pensamento econômico nenhum, como não tem Levy.

Nem um nem outro foram eleitos pra coisa nenhuma.

Cada um, a seu tempo, atende ao conjunto das forças que se mobilizaram para dividir o butim -inclusive e muito especialmente os potentados da iniciativa privada que, na maioria das vezes, gostam mesmo é das tetas do Estado.

O resto dos brasileiros tem de fundar o MST: o Movimento dos Sem-Teta.

Eu espero, sim, que Aécio e o PSDB cumpram suas respectivas obrigações.

Oposicionistas também são eleitos pelo povo: para se opor!

Pode-se debater, num determinado domínio, se esta ou aquela medidas adotadas por Dilma -não por Levy- são necessárias.

Mas os que foram premiados pelas urnas com o direito de dar combate ao PT não podem declinar do seu dever.

A aprovação de uma medida pontual não pode impedir a crítica ao “modelo”.

A adesão estúpida sabota a democracia.

Não venham me dizer que elevar a Selic em meio ponto no dia em que o ministro da Fazenda diz o óbvio -vem recessão por aí- é exemplo de ortodoxia decorosa.

Para encerrar: a Fundação Perseu Abramo, do PT, desceu o porrete no pacotaço de Dilma.

Que os tucanos não se sintam tentados, de novo, a se comportar como governo, a exemplo dos primeiros tempos da gestão Lula, deixando o bônus de fazer oposição para os próprios petistas.