A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina voltará a ser cobrada pelo governo federal, conforme anunciou nesta segunda o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

A consequência disto é que o litro da gasolina ficará R$ 0,22 mais cara nas refinarias.

A Petrobrás já anunciou que repassará o aumento para os postos de combustíveis.

A elevação no valor da gasolina estimulará o maior consumo de etanol, quando o consumidor comparar o preço dos combustíveis associado às suas eficiências.

E a depender do aumento no consumo do álcool, as indústrias produtoras tendem a ampliar o mix do etanol em detrimento ao de açúcar, este que tem sido priorizado nas usinas por conta da falta de estímulo do governo ao etanol nos últimos anos.

Segundo a União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), com a volta da taxação da gasolina, haverá, gradativamente, redução na fabricação e na exportação do açúcar, que hoje tem baixo valor no mercado internacional devido ao excedente do produto no mundo.

Com isso, a mudança do mix nas usinas sucroalcooleiras contribuirá para elevação do valor da cana, uma vez que na composição do seu preço está condicionada o valor do açúcar e do etanol, que tendem a aumentar.

A composição do preço da cana-de-açúcar depende dos preços do açúcar e etanol.

E o principal deles é o valor do açúcar no mercado internacional, sobretudo porque o Brasil é o maior exportador dessa commodities no planeta. “Com a volta da competitividade do etanol em relação à gasolina, em decorrência da incidência da Cide, mais cana será destinada à produção de etanol e menos para a fabricação de açúcar, diminuindo a respectiva produção do alimento, elevando seus preços no mercado exterior consequentemente, os quais estão abaixo do custo de produção” explica Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida.

Assim, a volta da Cide na gasolina é relevante para restaurar o mercado internacional do açúcar, sendo, portanto, um gatilho para a valorização do preço da cana-de-açúcar.

O presidente da Unida lembra que há quase dois anos, todo o setor sucroenergético vêm pleiteando ao governo federal a volta da Cide na gasolina, sem sucesso.

O fato faz o dirigente entender que a atual ação governamental não tem correspondência com o pleito do setor, mas com os problemas de caixa do Poder Executivo.