Por Fernando Castilho, especial para o Blog de Jamildo Na franquia criada pela Marvel Comics e estrelada por Nicolas Cage, com título brasileiro de “O Espirito da Vingança”, o Motoqueiro Fantasma, Johnny Blaze faz um acordo com o diabo (Ciaran Hinds), que deseja encarnar em seu corpo para se vingar de seus inimigos na terra.

Ele ganha uma supermoto, uma roupa preta incrementada e a capacidade de se transformar num personagem capaz das maiores performances contra seus inimigos, especialmente pela capacidade de usar uma corrente de fogo que torna-o capaz de dominar como nenhum ninja de filme japonês.

A referência ao filme é para mostrar que, por inabilidade do PSB, o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa, está virando uma espécie de motoqueiro fantasma parlamentar pela capacidade de se reeleger ganhando, a cada legislatura, uma nova vida sempre derrotando seus adversários.

Sem, ao menos, ter que usar a corrente de fogo já que até hoje ninguém ousou peitá-lo em campo aberto.

Uchoa, como se sabe, é motoqueiro estradeiro.

Possui uma possante motocicleta de 1.000 cilindradas e, nos fins de semana, gosta de vestir-se de preto e rodar pelas estadas pernambucanas com uma patota de amigos encarnando o espirito estradeiro.

Não sabemos se, ao tentar a quinta eleição, é movido por algum espirito de vingança.

Mas, a julgar pela foto que o PSB (acredite!) divulgou de uma reunião conspirando contra sua candidatura à cadeira principal da Assembleia Legislativa, agora tem motivos para sacar sua corrente de fogo contra a bancada do PSB que, além de não se articular para uma candidatura forte, ainda posa para foto com cara de menino chorão que não fez as tarefas da escola.

O que o PSB de Pernambuco parece não entender é que articulação política não se faz nas redes sociais.

Profissional de política não posta foto de coisa ruim no Instagram.

Nem escreve nota inconclusa no Facebook.

Ou avisa disso no Twitter.

Faz, acontece e pronto.

Isso é básico na política.

O PSB faz tudo ao contrário.

O problema é que o PSB de Pernambuco, depois da morte de Eduardo Campos tem feito tudo ao contrário.

A começar por deixar vazar a ideia de uma candidatura contra Uchoa, sem acertar antes com ele sua “desistência voluntária”.

E por que Uchoa tornou-se imbatível na cadeira a Assembleia Legislativa?

Ora, porque viu que “desses meninos do PSB de Paulo Câmara” não tem ninguém com capacidade de articulação numa chapa para lhe derrotar.

Uchoa sabe melhor do que todos os 48 deputados (rigorosamente todos) que sua reeleição é uma excrecência.

Uchoa é juiz de direito aposentando.

Sempre viveu de aplicar a lei.

Mas, não se pode esquecer quem autorizou a então bancada do governo a mudar o regimento e permitir a reeleição “ad infinito” foi o então governador Eduardo Campos que confiava nele.

E, aqui para nós e o povo da rua, Guilherme Uchoa tem mais “serviços prestados” ao PSB e ao Governo de Pernambuco que todos os deputados da base aliada, juntos.

Uchoa pode ser tudo que a gente poder dizer dele.

Mas, ele tem a coragem de botar a cara para levar pancada especialmente na mídia.

Tudo mundo sabe que sua candidatura constrange o Poder Legislativo em nível nacional.

E Uchoa pode ter todos os defeitos, mas enquanto metade da bancada da Assembleia se esconde de jornalistas, na hora de defender vantagens do cargo, ele põe a cara e aguenta pancada.

Pergunta ali, entre os 48 restantes quem topa fazer isso?

Tem mais: pergunta a qualquer um desses deputados qual foi a vez que Uchoa se negou a fazer um favor para um deputado, inclusive, se dispondo a ir ao governador que estiver no cargo usando a força do cargo para ajudar um deputado que não consegue ser recebido por um secretário?

E sempre é bom perguntar: Por que Eduardo Campos, quando governador, fechou tantos acordos com ele?

E pergunta se Uchoa deixou de cumprir algum com o Governo.

E mais: dentro dessa bancada (inclusive do PSB) quem teria coragem para aguentar Uchoa pelos cantos da Casa de Joaquim Nabuco ruminando uma derrota do governo, se Paulo Câmara decidir usar sua força para derrotá-lo.

Alguém tem dúvida da capacidade do Governador de sacar a sua corrente de fogo contra o novo presidente?

Então o problema não é Uchoa. É o PSB e o receio do governo de usar a força sobre ele sem ter as “vidas” que ele tem. É claro que, se Paulo Câmara quiser usar o rolo compressor da bancada, ele derrota Uchoa.

Basta repetir a frase de Agamenon Magalhães de que quem o trair deve “enfiar o chapéu na cabeça porque vai ventar muito”.

Mas a pergunta é: Paulo Câmara está disposto a gastar toda essa munição agora?

E ainda mais com essa bancada?

Ele, certamente, foi ouvir gente com mais experiência política e fez contas para saber se valeria à pena entrar nessa briga e “cortar” o efeito que Uchoa ganhou de ter vida eterna na cadeira de presidente da Assembleia.

E ouviu que era melhor deixa-lo no posto que ele sonhou a vida toda e fez dele um trono.

A própria reeleição pode desgastá-lo mais que uma desistência.

Mas, o motoqueiro Uchoa não está se preocupando com isso.

Daqueles 48 votos ele tem mais de 18 da base do governo, fora os da oposição.

Então, o problema não é Guilherme Uchoa.

O problema é que a maior parte dessa bancada o apoiou desde aquela emenda que permitiu sua reeleição e porque Eduardo Campos, que mandou votar nele, não está mais entre nós.

Eduardo Campos vivo, ele nem seria candidato.

Então, senhores, podem reclamar, mas é preciso um nível maior de organização política para derrubar o motoqueiro Guilherme.

Sem isso, ele vai continuar lá até o dia que quiser.

Sem precisar, sequer, usar a corrente de fogo que tem presa no corpo e que transpassa seu peito quando anda com sua moto incrementada pelas estradas de Pernambuco.

De roupa preta e tudo.