Refinaria Abreu e Lima.

Foto: Heudes Regis/JC Imagem.

Postergado por meses, o relatório de auditoria interna deve apontar um prejuízo de US$ 3,2 bilhões para a estatal.

A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, no foco da investigação da Operação Lava Jato, deve ser uma das mais prejudicadas.

Segundo matéria publicada na Folha de S.

Paulo, neste domingo (18), estudos técnicos já apontavam as perdas quando membros de seu Conselho de Administração aprovaram a continuidade das obras da refinaria, em junho de 2012.

Entre eles estavam a atual presidente da estatal, Graça Foster, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, e os empresários Jorge Gerdau e Josué Gomes da Silva.

O prejuízo é decorrente do aumento dos investimentos para construir a refinaria.

Os gastos subiram tanto que as receitas previstas para o projeto gerar ao longo do tempo, corrigidas para valores atuais, são insuficientes para pagar o que foi investido.

O custo inicial de Abreu e Lima foi estimado em US$ 2,4 bilhões em 2005.

Hoje é a obra mais cara em curso no Brasil, chegando a US$ 18,5 bilhões, ou R$ 48,5 bilhões.

A continuidade da obra de Abreu e Lima foi aprovada pelo conselho de administração em junho de 2012, junto ao plano de negócios até 2016.

Os investimentos chegavam a US$ 17 bilhões.

Em conversas reservadas, membros do conselho da Petrobras na ocasião afirmam hoje que na discussão sobre a refinaria, a diretoria da estatal apresentou a explosão de custos, mas não deixou claro o valor estimado do prejuízo, então em US$ 3,2 bilhões.

Segundo especialistas em petróleo, naquele ponto seria difícil desistir da obra, que já estava 57% concluída.

Mas os conselheiros poderiam ter determinado uma revisão dos custos para reduzir o prejuízo.

E punir os responsáveis.

Na auditoria feita pela estatal, os técnicos concluem que o projeto “não passou por reavaliação econômica e aprovação de novos custos, mesmo apresentando todas as situações para isso”.

A Petrobras só criou uma comissão interna para investigar Abreu e Lima em abril de 2014, depois da Operação Lava Jato.

Graça já reconheceu publicamente que a refinaria é uma “lição a ser aprendida e não repetida”.

Mas nunca admitiu que ela geraria perda à empresa.

Um dos principais delatores da corrupção na Petrobras, Paulo Roberto Costa foi diretor de Abastecimento da estatal quando Abreu e Lima começou a ser construída.

Ele foi acusado de ter superfaturado contratos da obra.

O valor pago a mais retornou ao ex-diretor como propina, que ficou com uma parte e repassou o restante para políticos.

O projeto de Abreu e Lima surgiu em 2005, quando o ex-presidente Lula firmou um acordo com Hugo Chávez, da Venezuela, para que a Petrobras e a petroleira venezuelana PDVSA construíssem uma refinaria no Nordeste.

A escalada de gastos, segundo a auditoria, foi provocada por erros de gestão, variação cambial, e mudanças no escopo do projeto, após a saída da PDVSA.

Com a Operação Lava Jato, também surgiram fortes indícios de superfaturamento da obra.