Foto: Agência Brasil Por Adriano Oliveira, cientista político O Brasil tem excesso de partidos.

O Brasil tem pluralidade de partidos.

Em razão da pluralidade, coalizões, que possibilitam a governabilidade, são formadas.

A pluralidade de agremiações partidária incentiva a representação das diversas visões de mundo dos brasileiros.

Os partidos brasileiros não são ideológicos e o excesso deles fortalece a ausência de programas de governo programáticos.

As assertivas apresentadas são verdadeiras.

Embora sejam contraditórias.

A verdade da afirmação depende das visões de mundo e do julgamento de cada observador.

Portanto, não é frutífera a discussão sobre o quantitativo de partidos políticos.

Aliás, é exaustiva e inconclusiva.

Entretanto, novas agremiações possibilitam novas dinâmicas política e eleitoral.

Prevejo novas dinâmicas caso o Partido Liberal (PL) seja criado pelo sábio Gilberto Kassab.

A primeira dinâmica a ser possivelmente modificada é a relação de força entre PMDB e PT no Congresso Nacional, em particular, na Câmara dos Deputados.

O PL deverá receber parlamentares, prefeitos e governadores de diversos partidos, dentre os quais, PSB, DEM, PSDB e PMDB.

Além disto, a fusão entre PL e PSD é uma possibilidade.

Independente da fusão, o PL adquirirá força para se contrapor ao PMDB.

No conflito PL e PMDB, o PT, ou melhor, o governo Dilma, pode optar por ter o PL como parceiro em alguns instantes da relação Legislativo-Executivo.

Ao fazer esta opção, o PMDB perderá força junto ao governo Dilma.

A criação do PL enfraquece o poder do PMDB no governo Dilma – Hipótese.

O surgimento do PL tende a enfraquecer quantitativamente os partidos PSB, PSDB, DEM e PMDB.

Prevejo que o PSB tende a ter perdas de parlamentares e governadores.

Tais perdas lhe colocarão na base do governo Dilma.

O PL será abrigo para candidatos nas próximas eleições municipais.

Qual será o parceiro preferível do PL na eleição de 2016?

O PL não terá parceiros preferíveis.

A conjuntura de cada município ditará os rumos do partido.

Porém, em Pernambuco, é possível que o PL venha a ofertar candidato a prefeito do Recife.

Tal possibilidade é crível, pois o PL poderá receber atores relevantes da política pernambucana insatisfeitos com a Frente Popular de Pernambuco.

O PL será mais um instrumento de conquista de espaços de poder.

Não espere do PL, ou de qualquer outro partido, programa ideológico.

O PL contribuirá para a construção de novas dinâmicas política e eleitoral, já que fortalecerá atores, em particular, Gilberto Kassab.

Adriano Oliveira é doutor em Ciência Política e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

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