O Secretário de Justiça e Direitos Humanos do governo Paulo Câmara, Pedro Eurico, resiste a ideia de transferir os presos de Itamaracá para Itaquitinga, na Mata Norte.

A questão não está posta agora, uma vez que o novo presídio ainda não ficou pronto, mas o novo secretário já disse ser contra a transferência, por ser a mesma coisa que trocar seis por meia dúzia, uma vez que não ajuda a reduzir o déficit de vagas nas prisões.

Em um Estado que tem mais de 100 mil prisões preventivas decretadas.

O novo governador do Estado, se quiser manter a promessa do ex-governador Eduardo Campos, terá que arbitrar esta questão.

O novo presídio gera apenas cerca de 7 mil vagas.

Em Itamaracá, são mais de 30 mil detentos hoje.

O Blog de Jamildo buscou ouvir o secretário Pedro Eurico, nesta quarta-feira, sem sucesso. “Li no seu blog a informação que seria contrário a mudança dos presídios de Itamaracá para Itaquitinga.

Fiquei surpreso pois a informação não procede e nem sequer chegou a ser discutida.

Uma das nossas prioridades, inclusive, é concluir o presídio de Itaquitinga para reduzir a superlotação atual”, informou, por mail, o secretário, no fim da noite.

Pedro Eurico recebe sugestões da Pastoral Carcerária A propósito do tema, vale a penas conferir o editorial do JC, nesta quarta-feira.

Que o governador Paulo Câmara tem pela frente uma tarefa monumental em todas as áreas, isso todo mundo tem certeza.

O que ninguém pode medir com certeza, nem o próprio governador, é em relação ao tamanho do problema do sistema prisional de Pernambuco, que ocupa hoje todos os espaços de escândalos no serviço público estadual.

Os cenários mais recentes tiveram audiência nacional, através da TV Globo, e só não mancham de forma irreversível a imagem do Estado porque a agonia desse sistema se aplica a todos os Estados brasileiros.

No nosso caso, porém, ele é alardeado com imagens impensáveis que representam a falência do sistema.

Não há como não escandalizar, por exemplo, o reconhecimento oficial de que 32 mil pessoas estão presas em Pernambuco, quando a capacidade das penitenciárias é de 12 mil.

Haverá escândalo maior que a manchete deste jornal em janeiro de 2014, mostrando que o Presídio Rorenildo da Rocha Leão, em Palmares, estava com 741 presos no lugar onde caberiam 74?

Uma afronta à lei da física segundo a qual dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço e desse quadro impossível, assombroso e antigo é que se tirou a ideia de se fazer uma revolução no sistema penitenciário de Pernambuco, com a maior e mais completa Parceria Público-Privada prisional do Brasil, em Itaquitinga.

Em outubro de 2009 o então governador Eduardo Campos fez o lançamento da pedra fundamental do Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga, anunciado como um novo conceito de sistema penitenciário, dentro da linha de ação do Pacto pela Vida, um modelo adotado nos EUA e na Europa, sem nada igual no Brasil.

Pois bem, o que deveria estar pronto em 2012 passou batido por outra parceria que deu certo e até mais cara – a Arena Pernambuco – e virou objeto de atenção do então pré-candidato Paulo Câmara, em maio de 2014, quando disse que o presídio estaria concluído até o final do ano.

Não foi e agora é parte das primeiras urgências do governador, que deve assumir as obras interrompidas porque a PPP não deu certo.

Depois de tantos atropelos de Itaquitinga – destinado a desativar o complexo prisional de Itamaracá, primeiro passo para valorização da Ilha como destino turístico – e sobretudo considerando-se a falência e necessidade de redenção do nosso sistema penitenciário, já não se espera mais do governador que enfrente o problema mas que o afronte, como um desafio que apontará – ou não – para uma administração bem sucedida.

Pois, se assim não for, bastará uma só reportagem de alguns minutos em rede nacional reproduzindo cenas medievais de nossos presídios, como as que foram mostradas recentemente, para fazer desmoronar toda e qualquer grande obra do governo noutras áreas.