Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo O noticiário aqui e alhures, como se dizia antigamente, destaca a montagem do chamado segundo escalão dos governos federal e estadual.

Pelo que é dito e escrito, parece algo desconectado do conjunto da obra, e não é.

Além de ser, na prática, um movimento complexo e trabalhoso.

Não que os governos sejam “loteados” entre partidos políticos e grupos sociais influentes que compõem o leque de forças que concorreram para a vitória eleitoral.

O termo é usado com evidente sentido pejorativo, obscurecendo a necessidade de se combinar respaldo político e competência técnica na formação das equipes que, em cada área, tocarão a gestão.

Contraditoriamente, os mesmos críticos que rebaixam a abordagem das coalizões, de pronto dão guarida e alardeiam eventuais insatisfações manifestadas por este ou aquele grupo, que justificadamente ou não se diz excluído.

Importa compreender que a obra de governo representa fundamentalmente a dupla mobilização da sociedade e da máquina administrativa.

Uma tarefa essencialmente política.

Daí implicar a reunião de consciências, vontades e capacidade construtiva.

Isto mediado pela real correlação de forças.

O presidente Lula, por exemplo, se elegeu duas vezes consecutivas sem maioria parlamentar.

O mesmo eleitorado que o escolheu para a presidência votou majoritariamente em candidatos ao Senado e à Câmara que o combatiam na campanha.

Daí ter que celebrar acordos diversos e construir uma ampla e heterogênea coalizão destinada a lhe assegurar a governabilidade via maioria no Congresso.

Fez concessões, sem entretanto ceder no essencial – o rumo programático do governo.

Com Dilma não tem sido muito diferente.

Mais uma vez acordos têm que ser celebrados para que o governo se viabilize.

Amplitude e pluralidade, embora impliquem esforço redobrado em favor da necessária coesão, impõem-se absolutamente necessárias e são, em boa medida, fatores que proporcionaram as mudanças em curso no País desde 2001.

Demais, todo governo tem dinamismo próprio, é um ente político vivo e, do ponto de vista de sua composição, quase sempre não termina como começou.

Assim com a alianças firmadas, sempre sujeitas a ampliações ou dissidências.

A presidenta Dilma e os governadores apenas começaram o trabalho de composição de suas equipes.

Leva tempo.

Coisa de alguns meses.

Cabe a cada segmento político e social comprometido com a governabilidade, por seu turno, a percepção de que, resguardadas concepções programáticas e administrativas próprias, todos devem convergir para a unidade em torno do programa de governo – que, em última instância, traduz o projeto vitorioso nas urnas.