Nova ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e a presidente Dilma Rousseff.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Depois da ex-senadora Marina Silva ter criticado, através do Facebook, a declaração da nova ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), de que não existe mais latifúndio no Brasil, a Rede Sustentabilidade, partido que Marina tenta registrar oficialmente no Brasil, divulgou uma nota repudiando a nova auxiliar da presidente Dilma Rousseff (PT).

O partido também se queixou da fala de que os índios saíram da floresta e desceram para áreas produtivas. “Tais declarações são extremamente preocupantes, já que negam realidades sociais dramáticas, como a divisão desigual do solo, historicamente construída através de privilégios e grilagem, assim como o morticínio de populações indígenas, de suas culturas, de ambientalistas e de agricultores familiares”, diz o texto divulgado pela Rede.

LEIA TAMBÉM: » Em resposta à Kátia Abreu, Marina Silva diz latifúndios que cresceram no governo Lula » Não existe mais latifúndio no Brasil, diz nova ministra da Agricultura A Rede ainda afirma que dados oficiais do próprio governo apontam que as maiores porções de terra de todos os biomas são ocupadas por latifúndios, que 40% deles seriam improdutivos e que nunca se fez tão pouco pela reforma agrária quanto no governo Dilma Rousseff.

Leia a íntegra da nota: Rede Sustentabilidade repudia declarações da ministra Kátia Abreu Em entrevista recente, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, declarou que não existe mais latifúndio no Brasil, assim como responsabilizou os índios pelos conflitos que anualmente ceifam inúmeras vidas, já que, em suas palavras, eles “saíram da floresta e passaram a descer para as áreas produtivas”.

Tais declarações são extremamente preocupantes, já que negam realidades sociais dramáticas, como a divisão desigual do solo, historicamente construída através de privilégios e grilagem, assim como o morticínio de populações indígenas, de suas culturas, de ambientalistas e de agricultores familiares.

Elas também não encontram suporte nos dados técnicos oficiais do próprio governo, que apontam que as maiores porções de terras em todos os biomas nacionais são ocupadas por latifúndios, que 40% deles são improdutivos e que, enquanto o número destes latifúndios cresce exponencialmente, nunca se fez tão pouca reforma agrária quanto no último governo.

O assassinato de indígenas é uma realidade cruel que cresceu alarmantes 270% nos últimos 12 anos.

Tudo isto num contexto onde a bancada ruralista, ligada à ministra, apresenta no Congresso propostas que põem em risco as demarcações de terras indígenas futuras e passadas, terras de quilombos e unidades de conservação, como a PEC 215.

Ainda, na mesma entrevista, a ministra afirma que os cortes orçamentários atingirão apenas o que chama de “carne podre”, logo após uma Medida Provisória promover perdas de direitos sociais, deixando muito claro o que a ministra considera prioridade.

A Rede Sustentabilidade repudia veementemente declarações desta natureza, ainda mais chocantes quando vindas do alto escalão do Executivo Federal e manifesta preocupação de que esta seja a perspectiva adotada pelo governo para as questões do campo e dos povos indígenas.

A reforma agrária continua sendo urgente e necessária, assim como o reconhecimento e o combate aos crimes cometidos sistematicamente contra milhares de indígenas e o meio ambiente.

Executiva Nacional da Rede Sustentabilidade