Nova ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e a presidente Dilma Rousseff.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Ex-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e uma das principais representantes da bancada ruralista no Congresso, a nova ministra da Agricultra, Kátia Abreu (PMDB), afirmou, em uma entrevista à Folha de S.
Paulo, que não existe mais latifúndio no Brasil e que a reforma agrária não deve avançar em massa. “Ela tem de ser pontual, para os vocacionados.
E se o governo tiver dinheiro não só para dar terra, mas para garantir a estrutura e a qualidade dos assentamentos.
Latifúndio não existe mais.
Mas isso não acaba com a reforma.
Há projetos de colonização maravilhosos que podem ser implementados”, disse.
Criticada por setores do PT por ter sido anunciada como miniatra, Kátia Abreu disse que apesar de condenar as invasões, vai buscar sempre dialogar com o Movimento Sem Terra (MST). “Se eles me apoiassem, aí era difícil, né?”, diz. “Quero dialogar com eles.
Diálogo sempre.
E condenar invasão, sempre.
Tem MST que invade, isso é ilícito, sim, e vai continuar sendo.
Está na Constituição”, argumenta.
A ministra garantiu que não tem nada contra assentamentos.
Lembrou que em Tocantins, recebeu um pedido de ajuda do MST e após uma audiência com o então ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto, conseguiu dinheiro para que o grupo comprasse uma fazenda. “Se eu quero terra, por que eles não podem querer?
Agora, não invade, pelo amor de Deus”, afirma.
Kátia Abreu lembra que, no dia-a-dia, o diálogo direto com o MST será feito pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e pelo Incra. “Agora, passou o pé para dentro da terra, tô dentro.
Inclusive índio”, diz a ministra, que se apresenta como parceira número um para ajudar os índios a produzirem.
A ministra também criticou o decreto de demarcação de terras indígenas, que permitia a ampliação de terras demarcadas. “É um decreto inconstitucional, unilateral, ditatorial, louco, maluco”, classificou. “Enquanto os índios reivindicavam áreas na Amazônia, a gente nunca deu fé do decreto de demarcação”, explicou. “Os índios saíram da floresta e passaram a descer nas áreas de produção”, disse.
A ministra também diz que não teme muito a diminuição do comércio de commodities. “A China, que importa 23% dos nossos produtos, pode parar de investir em uma porção de coisas.
Mas 1,3 bilhão de pessoas lá seguem precisando almoçar, jantar e lanchar”, justifica.