Por Sávio Delano, advogado sindical Antes do apagar das luzes deste ano, repleto de acontecimentos fúnebres e estranhos, o trabalhador brasileiro foi surpreendido com as novas medidas do Governo Federal para o resgate de benefícios e pensões.

Desta vez, o Governo Federal pretende “economizar” R$ 18 bilhões dificultando a vida dos contribuintes e beneficiários do sistema previdenciário, em uma “minirreforma” que prevê redução de 50% do valor da pensão por morte e mudanças na vitaliciedade do benefício, além da elevação da carência e prazos para concessão do seguro desemprego e a limitação do pagamento do abono salarial.

Derradeira e pior notícia não poderíamos ter.

Iniciaremos 2015 com a certeza que o trabalhador pagará mais uma vez pela incompetência do Governo em gerir as contas públicas. É incrível que o fantasma do desemprego e a péssima distribuição de renda no país sejam tratados de forma simplória e reducionista.

Desde 1995, no malfadado governo de Fernando Henrique Cardoso, este tema foi pautado como base nas reformas impostas pelo modelo neoliberal.

Como se não bastasse a reforma da Previdência do Governo Lula, em 2003, que endureceu as condições de acesso aos benefícios com maiores sacrifícios aos trabalhadores dos setores público e privado, agora a presidenta reeleita aprofunda este modus operandi que só penaliza o trabalhador e a trabalhadora.

Acontece que os recursos que se quer economizar, suprimindo direitos sociais dos trabalhadores, não resolvem o problema econômico da previdência.

Este recursos serão usados para pagar juros da dívida pública com os banqueiros e não para melhorar as aposentadorias do INS É obvio que para se obter maior equilíbrio entre contribuições e benefícios do INSS temos que ter crescimento econômico no país, diminuindo o desemprego e a informalidade no trabalho.

Aumenta-se a arrecadação da previdência cobrando as dívidas das empresas e governos, e antes de mais nada, combatendo a corrupção.

Inaceitável que o ônus da crise pela qual o governo se encontra, recaia sobre os trabalhadores, que já suportam elevada carga de impostos e juros extorsivos.

As medidas do Governo Dilma que reduzem os direitos sociais dos trabalhadores, revelam interesses que extrapolam o déficit do sistema dos benefícios sociais.

Ao dissociar a política da economia, o atual e novo (?) governo reduz a concepção de Seguridade Social ao cálculo financeiro e atuarial.

Não foi isso que a presidenta Dilma Rousseff prometeu na campanha eleitoral de 2014.

Relativizar o caráter redistributivo das políticas sociais, com mais expropriação ao valor do trabalho, é um verdadeiro retrocesso social para a maior parte do povo brasileiro.

O ano de 2015, com certeza, será de muita luta!