A cerimônia de posse de Dilma foi marcada pela ausência da oposição.
Apenas o líder do PSB, deputado Júlio Delgado (MG), representou o bloco dos não alinhados ao governo.
Ele disse que o partido dará o voto de confiança à Dilma, mas vai cobrar resultados. “Espero que ela possa empreender tudo o que disse, ela deu uma palavra de crédito nas instituições.
Mas nós vamos trabalhar muito para cobrar as mudanças”, disse.
O PSB, segundo ele, vai manter a independência durante o segundo mandato de Dilma.
Quem também falou em cobrança foi o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ). “Foi um discurso muito bom, muito seco, não houve frases demagógicas.
Agora é esperar para ver o resultado”, disse.
Ele ressaltou o fato de a presidente não ter se omitido sobre a crise da Petrobras e mantido o compromisso de livrar a estatal da corrupção e estabelecer sistemas de controle.
O fato de o Congresso estar fragmentado em vários partidos pode dificultar a concretização dos planos da presidente.
Para o deputado Sibá Machado (AC), vice-líder do PT, será preciso paciência para negociar. “Será um pouco mais complicado, cada partido terá um pensamento e isso exige mais diálogo e paciência para se aprovar medidas com dificuldade de aceitação”, disse.
O líder do Pros, deputado Givaldo Carimbão (SE), no entanto, acredita que a presidente não vai ter problemas de governabilidade. “Se tivesse 50 partidos, isso não seria problema.
O Congresso é maduro, está preparado, e a Dilma terá governabilidade”, afirmou.
Na avaliação do líder do PT, será necessária uma maior interlocução com a população para tentar neutralizar quaisquer retrocessos buscados pelo Congresso.
Vicentinho destacou o aumento da bancada ruralista e a diminuição das bancadas identificadas com movimentos sociais.
O primeiro desafio da presidente será aprovar as medidas provisórias (MPs) 664/14 e 665/14, que fazem mudanças na concessão de pensão por morte e seguro-desemprego.
Júlio Delgado disse que a presidente voltou atrás em relação às promessas de campanha. “Ela hoje faz as mudanças previdenciárias que nós defendíamos na campanha”, afirmou, referindo-se à campanha petista ligando Marina Silva ao fim de benefícios.
O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), minimizou as críticas.
Segundo ele, as MPs apenas acabam com distorções. “As medidas tomadas pretendem acabar com as distorções, como é o caso da viúva previdenciária, que casa com um enfermo pouco antes da sua morte para ficar com o benefício. Às vezes essas pessoas são casadas com primas e outros familiares”, ressaltou Pimentel, que já foi ministro da Previdência.