Por Marcela Balbino Do Blog de Jamildo Transformar os três milhões de votos obtidos nas urnas em capital político será um dos principais desafios do governador eleito Paulo Câmara (PSB), que inicia o mandato com o intuito de dar continuidade à gestão de oito anos do ex-governador Eduardo Campos (PSB).

Neófito na política, Paulo terá um dos mais duros embates pela frente - a missão de se tornar a nova liderança dentro do grupo político e desta vez sem a figura do padrinho político.

Não é segredo que, no campo econômico, 2015 será um ano difícil. É consenso entre economistas as dificuldades pelas quais o Brasil vem passando.

O núcleo duro do novo ministério de Dilma é prova das tentativas feitas pela presidente para escapar da crise.

Em Pernambuco, o cenário não será dos mais otimistas.

Deixando as divergências políticas de lado, o governador eleito deve abrir o diálogo com a presidente para garantir que tirará do papel boa parte dos projetos que depedem da abertura dos cofres da União, como as propostas na área de mobilidade – alguns deles estão travados por falta de recursos.

Um dos exemplos é a navegabilidade pelo Rio Capibaribe, iniciada em 2012 e estagnada até hoje.

Em entrevista ao Blog de Jamildo, após participação na Rádio Jornal, Paulo Câmara mostrou-se ciente da realidade apresentada, mas adiantou que as articulações só terão início em 1º de janeiro. “Eu estou muito claro do meu papel e do papel do meu partido em relação a isso.

Vou governar Pernambuco, vou trabalhar muito por esse Estado, mas vou procurar o governo federal, sempre que entender que temos questões importantes que eles podem nos ajudar", afirmou o governador eleito, que apoiou Aécio Neves (PSDB), durante o segundo turno eleitoral contra Dilma.

Nas declarações, Paulo procura sempre deixar clara a relação estritamente institucional que deve manter com a presidente reeleita. “Considero como uma relação necessária, que temos que ter.

Eu tenho essa responsabilidade, a presidente Dilma também.

E ela também se mostrou muito aberta, muito receptiva sobre a gente conversar sobre os projetos que são de interesse daqui”, explicou o socialista, acrescentando que ainda não teve nenhuma sinalização de repasse de recursos do governo federal. “E nem fui atrás.

Acho que cabe a nós a partir de 1º de janeiro".

Abrandar o fogo amigo dentro do próprio partido também é outra peleja que Paulo Câmara terá que enfrentar.

De técnico a político em menos de um ano, o economista busca se cercar de novos arranjos e aliados políticos para enfrentar as críticas dos correligionários, que ainda não admitem o processo que levou a escolha do nome do novo governador.

Na escolha do secretariado, o senador eleito Fernando Bezerra Coelho (PSB) e o governador João Lyra (PSB) fizeram queixas às escolhas de Paulo Câmara.

Quanto às contendas partidárias, o novo govenador procurou amenizá-las em prol da governabilidade. “Os ruídos que ocorrem, a gente procura conversar com as pessoas para que eles deixem de ocorrer.

Mas é um desafio permanente de todo governante e de todo dirigente partidário, que eu sou", observou.

Eleito por escolha e aval de Eduardo Campos, Paulo Câmara (PSB) vai assumir – em 1º de janeiro – com a ideia, estratégia e estrutura copiadas do ex-governador.

Seguindo o padrão de Campos, Paulo vai manter técnicos em pastas-chaves.

Nunca antes, no Estado, foi eleito governador um técnico que saiu direto para o cargo, não passando por estágios tradicionais como Legislativos ou vice no Executivo.

Sobre a defesa do legado do ex-govenador e padrinho político, Paulo afirma que continuará a defender o projeto de governo iniciado pelo socialista. “Me comprometi com a população de Pernambuco, que quer um governo que continue a forma que Eduardo governava e que cumpra os compromissos que estão no nosso programa de governo.