Paulo Câmara se impõe o desafio de enxugar a máquina.

Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem Do Jornal do Commercio deste domingo (28) Por Carolina Albuquerque Ao estipular a meta de cortar 20% da folha de comissionados antes mesmo de sentar na cadeira de governador do Estado, Paulo Câmara (PSB) parece querer manter a aura do “jeito PSB de governar”, inaugurada pelo ex-governador e seu padrinho político Eduardo Campos (PSB).

O neosocialista copia a mesma tática adotada pelo prefeito Geraldo Julio (PSB) em dezembro de 2012, quando, antes mesmo de ser empossado, anunciou a extinção de 632 cargos comissionados, o que representaria uma economia anual de pouco mais de R$ 1 milhão, pelos cálculos divulgados à época.

A candidatura de Geraldo Julio em 2012 representou a antessala do voo nacional de Eduardo Campos, frustrado com a sua morte trágica em 2014.

Foto: BlogImagem Quando decidiu se lançar à empreitada maior na carreira de um político, Eduardo Campos empunhou a bandeira da meritocracia, eficiência e economia na maneira de gerir o dinheiro público.

Durante o Programa do Jô, em novembro de 2013, o então governador de Pernambuco anunciou uma reforma estrutural que colocava para trás a lógica de sete anos à frente da administração do Executivo estadual.

Em 2006, antes de assumir o posto, o número de cargos em comissão era de 2.023.

Em 2012, na era Eduardo, esse patamar saltou para 3.553.

Na reforma que decidiu fazer a menos de quatro meses de deixar o governo para se candidatar à Presidência da República, ele anunciou um corte de 659 cargos – uma economia, segundo divulgou, de R$ 25 milhões, por ano.

O discurso de então não se manteve até dezembro de 2014.

Após assumir a gestão, o governador João Lyra Neto (PSB) impôs uma reforma, criando e extinguindo algumas secretarias.

O fato é que 2014 acaba com 2.634 comissionados, um impacto mensal de R$ 9.844.792,09.

São 64 cargos de confiança a mais do que o anunciado no final de 2013.

O mesmo parece estar acontecendo na gestão do prefeito Geraldo Julio.

Anunciado com pomba, o enxugamento da máquina do início de 2013 só se sustentou até abril de 2014.

No primeiro ano de gestão, a PCR contava com 2.159 cargos em comissão, em virtude do corte de 632 comissionados.

A economia anual de R$ 1 milhão, resultado dessa mini reforma, foi suplantada por projeto de lei aprovado em abril de 2014.

Ele criou 150 novos cargos comissionados, gerando um impacto mensal de R$ 1,4 milhões.

Isto é, o valor anual desses 150 novos postos de confiança é dezoito vezes maior do que a economia obtida no início da gestão.

Numa lógica semelhante, recentemente, o prefeito enviou o projeto de lei 40/2014 que autoriza o governo a contratar pessoas por tempo determinado.

Não se trata de cargos em comissão, como diz o artigo 9º.

Porém, o período permitido para alguns casos pode chegar a até quatro anos, o que pode durar todo o seu mandato.

Para se ter ideia do recuo da PCR, a gestão municipal termina o ano de 2014 com 2.301 cargos em comissão, 142 a mais do que em janeiro de 2013, primeiro ano de mandato.

O desafio de Paulo Câmara será manter o discurso de agora ao longo dos próximos quatro anos.

Numa outra estratégia, o governador eleito não disse que será um corte no número de cargos em comissão, mas na folha de pagamento.

Em 2012, o custo dos comissionados era equivalente a 1,5% do total da folha total.

Tendo como referência a atual (R$ 9.844.792,09, por mês), esse percentual significa uma redução mensal de cerca R$ 1,9 milhões.

Por ano, contando o 13º salário, seria uma economia de mais de R$ 25 milhões.

DETALHAMENTO Governo do Estado Era Eduardo Campos 2006 - 2.023 comissionados (1,9% do total da folha de pagamento) 2007 - 2.226 (primeiro ano de gestão de Eduardo) 2012 - 3.553 (1,5% do total da folha) 2013 - 3.553 - 969 = 2.584 comissionados* Após reforma feita por Eduardo Campos, anunciada no programa do Jô em novembro, o que representa uma economia de R$ 25 milhões Era João Lyra 2014 - 2.634 comissionados, custo de R$ 13.556.228,91/mês Paulo Câmara (a partir de 2015) 2015 - Corte de 20% na folha de comissionados (R$ 9.844.792,09/mês).

Significa menos R$ 1,9 milhões/mês Prefeitura do Recife Geraldo Julio 2012 - 2.971 para 2.159 (- 632 cargos comissionados, cerca de 23%.

Uma economia de R$ 1 milhão/ano) Abril de 2014 - PL cria 150 cargos comissionados.

Impacto mensal de R$ 1,4 mi/mes.

Novembro 2014 - PL 40/2014 - autoriza contratação temporária de até quatro anos. 2014 - 2.301 cargos comissionados.

Folha total de pagamento mensal é de R$ 126.439.598,19, dos quais R$ 6.983.805,83 são de comissionados, o que dá 5,5% do total.

Fonte: PCR e Governo do Estado