Reunião entre Júlio Delgado e a bancada de parlamentares eleitos de Pernambuco em 2014.

Foto: Divulgação/PSB.

Assumindo postura de independência ao governo federal, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) reuniu-se nesta segunda-feira (22) com 18 parlamentares eleitos de Pernambuco para buscar apoio na eleição para presidência da Câmara dos Deputados, que acontece no dia 2 de fevereiro.

Em sua passagem, Delgado defendeu que é o único candidato cuja base não tem ministérios no governo Dilma Rousseff e reiterou a posição de liberdade em comparação aos demais concorrentes - Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Criticando a postura de acordos políticos em troca de “favores” ou, no caso, ministérios, o deputado mineiro citou o distanciamento do PSB com a base governista, em ocasião do lançamento de Eduardo Campos (PSB) para a Presidência da República.

Delgado também adiantou como será a posição com o governo federal, caso seja eleito. “A presidente vai saber que nossa relação vai ser republicana.

Não vai ter nenhuma política do ’toma lá, dá cá’”, afirmou o deputado federal, que somou 165 votos em 2013, na disputa pela Presidência da Câmara. “A gente quer reaproximar, levantar a estatura do Legislativo para que ele não esteja subordinado aos demais [poderes] e nem esteja refém de uma bomba relógio que está prestes a estourar no colo do novo presidente no dia seguinte após a eleição”, afirmou Delgado.

O próximo presidente da Câmara dos Deputados deve ter pela frente um dos mandatos mais conturbados e importantes da história brasileira.

No momento em que o País começa a saber os nomes de políticos acusados de terem sido beneficiados pelo esquema de corrupção que atuava na Petrobras. “O que eu fico satisfeito é dizer que dos 28 citados por Paulo Roberto Costa [na delação premiada] nenhum deles me apoia, então talvez o compromisso deles sejam com as outras candidaturas e é importante que a sociedade participe um pouco disso também”, alfinetou Júlio Delgado. “O que eu posso tranquilizar meus colegas é que ao invés de ser investigado eu investiguei.

Eu representei o PSB na CPMI e sei o que tem lá.

Conversei com Paulo Roberto Costa e já sabia, não dos nomes, mas sabia da delação.

E hoje, desses 28 nomes, cerca de 13 são deputados reeleitos e não tem nenhum deles que me apoia”, acrescentou o parlamentar.

Delgado já conta com cinco partidos em seu palanque: PSB, PPS, Solidariedade e PV, que formam um bloco, além do PSDB, que já declarou voto no mineiro.

O deputado também negocia o apoio de outras siglas, como o PSOL, PHS, PEN, PTdoB e PRTB.

EDUARDO CAMPOS - O ex-governador Eduardo Campos (PSB) foi um dos nomes citados pelo ex-gerente de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, na delação premiada.

Questionado sobre o possível envolvimento do político no esquema, Júlio Delgado, que participou da CPMI, afirmou que são apenas ‘ilações’ da imprensa e disse que nada foi comprovado. “Eu acho que ao invés de ficar investigando quem já morreu e não pode estar aqui para se defender, eles deveriam estar investigando quem está vivo e não quer falar.

Tem muita gente aí que está vivo, apoiando as candidaturas da Câmara, e que se esconde atrás da investigação, mas poderia esclarecer alguma coisa”, afirmou o deputado mineiro.