Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Da FolhaPress A presidente da Petrobras, Graça Foster, admitiu que encontrou pessoalmente “algumas poucas vezes” a funcionária Venina Velosa da Fonseca, que afirma ter feito denúncias de irregularidades na área de abastecimento da companhia, mas negou que tenha sido omissa na apuração de supostos desvios apontados pela ex-gerente.
Foster afirmou ainda que a ex-gerente pediu para ir Cingapura –onde tinha uma remuneração mensal que podia chegar a R$ 167 mil, “muito maior” do que da própria presidente da empresa–, e não foi “afastada” de seu país nem assediada. “Eu não fui omissa.
Definitivamente, não fui omissa.
Eu tenho feito mudanças sucessivas na companhia junto com diretores na busca de melhores controles.” A presidente da estatal disse que Venina “não era explícita” em e-mails nos quais falava em irregularidades em licitações e que nos “poucos” encontros pessoais ela nunca apresentou denúncias. “Venina nunca fez nenhuma denúncia usando as palavras conluio, cartel, corrupção, fraude, lavagem de dinheiro.
A Venina nunca fez nenhuma denúncia na diretoria sobre essa questões.
Ela nunca falou nesses termos.
Eram e-mails truncados, cifrados e muito misturados”, disse Graça, em entrevista à Folha de S.Paulo e ao jornal “O Globo”.
Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, no domingo (21), Venina disse que as irregularidades eram de “vários tipos”, como pagamento de serviços não prestados, contratos “aparentemente superfaturados”, negociações nas quais eram pedidas “comissões”. “Ela nunca [Venina] disse para a diretoria da Petrobras: diretoria da Petrobras, vocês estão cometendo superfaturamento, vocês estão sendo corrompidos ou estão corrompendo”, afirmou Graça.
O primeiro encontrou foi em 2009, segundo Foster.
O motivo foi o resultado de investigação interna conduzida pela funcionária na área de comunicação da diretoria de Abastecimento, quando foram constatadas despesas de R$ 58 milhões sem justificativa.
Na ocasião, diz Foster, a funcionária disse que ela estava “entristecida” e preocupada com essa questão. “Vi a Venina extremamente emocionada e muito triste.
Havia uma ruptura entre ela e o Paulo Roberto [Costa, diretor de Abastecimento, que fez denúncias de corrupção em sua delação premiada].” A presidente da Petrobras ressaltou que Venina trabalhava com Costa desde 1999.
Afirmou que ela sempre “foi de muito trabalho” e “determinada”.
Negou, porém, ser próxima a ela.
Essas características, afirmou, a credenciaram a dirigir o escritório da Petrobras em Cingapura, cargo que ela pleiteou à diretoria e para o qual foi nomeada em 2012, após um primeiro período de estudos no país entre 2009 e 2010 –após sua ruptura com o ex-diretor Paulo Roberto Costa.
Sua remuneração como diretora podia chegar a R$ 2,1 milhões ao ano, já incluindo o auxílio-moradia.
A Petrobras pagava ainda 90% do colégio de suas duas filhas.
Em 2013, Graça recebeu R$ 1,85 milhão.
Procurada, Venina não quis falar.