A Análise Ceplan, estudo de conjuntura econômica da Ceplan Consultoria Econômica e Planejamento, chegou à sua 18ª edição com projeções para os cenários econômicos mundial, nacional, regional e estadual.

A conclusão é de que haverá crescimento de fraco a moderado da Economia em todos os cenários avaliados.

O mundo deverá crescer em torno de 3%; o Brasil, abaixo de 0,5%; o Nordeste entre 1,0% e 1,5% e Pernambuco próximo de 2,5%. “Consideramos a continuação da queda nos preços do petróleo no cenário internacional e a entrada em operação de obras que estão em maturação no cenário local”, explica a economista e sócia-diretora da Ceplan, Tania Bacelar.

Essas projeções foram feitas, pela primeira vez, com base em modelo macroeconométrico para as economias mundial, nacional, regional e local.

A 18ª Análise Ceplan afirma que a economia global cresceu, em média, 3,3% entre 2012 e 2014, com destaque para a recuperação dos Estados Unidos após a crise internacional de 2008 e uma desaceleração nos países emergentes, puxada pela China.

O Brasil, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) seguiu a tendência e deve reduzir sua taxa de crescimento de 2,5%, em 2013, para 0,3% em 2014.

De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central do Brasil, o índice será ainda menor: 0,2%. “A perspectiva para a Economia mundial nos próximos anos, é de recuperação lenta e desigual entre os grupos de países desenvolvidos e emergentes e entre os próprios países”, afirma o economista e sócio-diretor da Ceplan, Leonardo Guimarães.

Para ele, entre os emergentes, Brasil e Rússia serão os mais lentos.

Os resultados da economia nacional alicerçam estas perspectivas.

O Produto Interno Bruto (PIB) passou da queda no ritmo de crescimento, verificada a partir do primeiro trimestre de 2010, para a retração, no terceiro trimestre de 2014.

De janeiro a setembro de 2010, o PIB brasileiro registrou alta de 8,3% mas cresceu apenas 0,2% no mesmo período de 2014.

As reduções mais significativas foram na base produtiva, com queda de 25,4% para -7,4% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e no PIB industrial que atingiu aumento de 12,4% há quatro anos, e nos nove primeiros meses deste ano ficou com taxa negativa de -1,4%. “Estes fatores nos levaram à taxa de investimento de 17,4%, a menor num terceiro trimestre desde 2006”, analisa o também economista e sócio-diretor da Ceplan, Jorge Jatobá.

Segundo ele, a inflação acima do teto da meta (4,5%) neste final de ano, ainda torna o quadro mais difícil.

De janeiro a novembro de 2014, a inflação atingiu 6,56%, o que foi determinante para o aumento dos juros ao patamar de 11,75% (taxa Selic), em novembro passado. “A política monetária está sem respaldo na política fiscal.

Juros altos só espantam o investimento e reduzem o consumo”, completa.

Nordeste e Pernambuco resistem No terceiro trimestre de 2014, em comparação com o terceiro trimestre de 2013, o Nordeste e o Estado de Pernambuco conseguiram manter crescimento econômico acima do nacional de 0,2%.

Pernambuco registrou um aumento de 2,7%, com destaque para o PIB industrial que subiu 4,7%, bem acima da taxa negativa de -1,5% do Brasil.

O Ceará teve a maior evolução regional, com 5,6%, alçada por uma elevação de 51,2% na Agropecuária.

A Bahia registrou alta de 0,6% no PIB e também aumento na Agropecuária, de 7,2%, enquanto a indústria baiana caiu -3,1%.

A desenvoltura de Pernambuco em relação ao Brasil foi baseada nos resultados estaduais do comércio, da agropecuária e da indústria de transformação, onde destacaram-se os segmentos da construção naval e o de alimentos e bebidas.

Mas na construção civil, o Estado seguiu a redução nacional, com quedas de -5,1% e -1,8%, respectivamente.

No comércio varejista ampliado, Pernambuco ficou com crescimento de 1,4% no período de janeiro a outubro de 2014 – o menor índice entre os Estados do Nordeste que tiveram aumentos tímidos.

A maior evolução foi a do Ceará, de 4,5%, enquanto o varejo nacional teve baixa de -1,5%.

Na arrecadação do ICMS, também entre janeiro e outubro, Pernambuco marcou elevação de 2,8%, acima do Maranhão (1,6%), e atrás da Paraíba (8,8%), Piauí (6,7%), da Bahia (4,3%) e do Ceará (3,4%).

Piauí e Paraíba destacaram-se também na geração de vagas em outubro passado na comparação com outubro de 2013, com incrementos de 5,4% e de 5,1%, respectivamente, no estoque de empregos formais. Índices bem acima dos registrados pelo Nordeste (2,7%) e pelo Brasil (1,8%).

Pernambuco ficou com alta de 1,9% na criação de empregos, refletindo a redução de -13,5% nos postos na construção civil, abalada, sobretudo, pela conclusão de grandes obras estruturadoras no Complexo Industrial e Portuário de Suape. “Pernambuco e o Nordeste mantiveram desempenho econômico acima da média nacional, mas revelam perda no ritmo de atividade”, analisa o economista e sócio-diretor da Ceplan, Valdeci Monteiro.

Perspectivas A 18ª.

Análise Ceplan aponta perspectivas declinantes para os primeiros seis meses de 2015, na opinião dos empresários da indústria de Transformação e Extrativa Mineral.

Os de Pernambuco e do Nordeste estão mais otimistas que a média nacional, embora todos tenham diminuído a confiança na demanda por seus produtos a partir do segundo semestre de 2014.

Para a construção civil, as projeções estão mais fracas, especialmente entre os construtores pernambucanos que apresentam índice de confiança de 46,3 pontos, bem menos que os 66,1 pontos verificados em outubro de 2013.

No setor de Serviços, empresários de Pernambuco e do Brasil estão próximos, com índices de 118,8 e 123,2 pontos, de acordo com pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Há redução também na expectativa dos consumidores, segundo a FGV. “As expectativas para a economia em 2015 não são favoráveis.

Seja na análise de dados disponíveis ou nos levantamentos junto a empresários e consumidores.

Mas Pernambuco ainda deve ter um quadro melhor que o do resto do país”, resume a economista e sócia-diretora da Ceplan, Tania Bacelar.