Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem Com crescimento em 3,4% entre janeiro e setembro deste ano, o comércio tem expectativa de aumentar o volume de vendas no varejo em 19,9% no próximo ano.

A estimativa alta é da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fercomércio-PE), que anunciou, nesta quarta-feira (17), a Agenda do Comércio 2015, um documento com os principais obstáculos enfrentados pelo setor e as reivindicações para superá-los nos próximos meses.

O pleito deverá ser apresentado ainda em janeiro às esferas estadual e federal de governo.

Porém, o estudo encomendado pela entidade, elaborado pela consultoria Ceplan, mostra um cenário semelhante ao de 2014, com decréscimo em relação aos períodos anteriores, seguindo a recessão do atual cenário econômico. “A expectativa é de um próximo ano com a economia brasileira convivendo com um processo de reajuste, sem chances de recuperação econômica significativa (o Governo Federal trabalha com um crescimento de 0,8% na proposta orçamentária enviada ao Congresso Nacional).

Logo, confirmado esse cenário é provável que o volume de vendas do comércio varejista, no País e em Pernambuco, siga em ritmo lento, semelhante ao que vem sendo observado em 2014”, diz no texto.

De acordo com o presidente da Fecomércio-PE, Josias Albuquerque, o aumento expressivo previsto pela entidade só é considerado se as reivindicações dos empresários ouvidos na pesquisa forem acatadas pelo poder público.

Estão entre as principais reclamações a mobilidade no entorno dos polos comerciais, a infraestrutura e a concessão de crédito para o empresário e para o consumidor. “Se continuar no cenário atual, não deverá atingir as expectativas”, disse.

A política econômica do novo governo de Dilma Rousseff (PT) gera expectativa sobre o varejo, por ser capaz de influenciá-lo através de aspectos como a renda da população.

Para a União, alguns pleitos são: priorizar a sustentação dos níveis de emprego, avançar na questão fiscal realizando a reforma tributária, manter o padrão de consumo e reduzir as taxas de juros para o consumidor.

Além disso, para a Fecomércio-PE, cabe ao governo federal, junto com a esfera estadual, ampliar a concessão de crédito aos empresários.

Na reunião com o governador eleito Paulo Câmara (PSB), que deverá ser marcada após a posse do socialista, a entidade irá reivindicar que menos burocracia para a abertura de empresas, ampliação dos incentivos voltados para um maior nível de formalização do pequeno varejo e consolidação de uma sistemática de compras que priorizam negócios locais.

Como a mobilidade foi detectada como um dos principais entraves aos bons resultados do varejo, algumas demandas são em relação à ampliação e à melhoria da infraestrutura viária. Às prefeituras, a entidade solicitou ainda o aumento do número de vagas de estacionamento rotativas e o estímulo à implantação do uso de ciclovias e bicicletários.

Uma melhor estruturação dos mercados e feiras livres e o crescimento dos investimentos do na reforma dos centros comerciais dos municípios e a requalificação dos polos tradicionais foram outros pedidos.

Ordenar o comércio informar é uma das reivindicações dos empresários de Pernambuco.

Foto: Michele Souza/JC Imagem Como o objetivo da Agenda do Comércio é articular ações para ultrapassar essas dificuldades econômicas, foram estabelecidos também alguns pedidos principais para empresários, além da União, do Estado e dos municípios.

A atuação dos donos de negócios do varejo seria principalmente para a capacitação e o estímulo da mão de obra, criando um banco de talentos para o comércio.

INDÚSTRIA - A principal área em dificuldade na estrutura produtiva é a indústria, que provavelmente terá um ano de recessão, com diminuição de 1,4% na produção este ano, em comparação com 2013 - apesar disso, o setor em Pernambuco atingiu aumento de 4,7%.

Para a economista Tânia Bacelar, da Ceplan, isso acontece por vários motivos, entre eles o fato de o consumo das família estar em declínio.

Enquanto o crescimento foi de 2,6% no ano passado, este ano foi de 1,2%. “Chegamos a um certo limite porque a renda da família ainda é baixa”, analisa.

Além disso, Bacelar credita o desempenho da indústria à irregularidade dos investimentos no País. “Do lado da demanda, a dificuldade de realizar investimentos no Brasil é o que está puxando o freio da economia”, afirmou ela, que considera que não há uma estratégia clara no País.