Da FolhaPress A força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná apresentou nesta segunda (15) denúncia criminal à Justiça contra o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.

Baiano é suspeito de ser o operador do PMDB no esquema de desvios na Petrobras.

Eles foram denunciados pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Também foram denunciados o doleiro Alberto Youssef e o executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, apontado como intermedário do suborno.

Os procuradores pedem que os acusados sejam condenados ao pagamento de cerca de R$ 300 milhões a título de devolução do valor das propinas e de indenização pelos prejuízos causados à Petrobras.

Caberá à Justiça Federal aceitar ou não a ação.

Até o momento, 15 acusações foram aceitas e serão julgadas pelo juiz Sergio Moro.

Segundo a acusação formal, Baiano era representante de Cerveró no esquema.

A Procuradoria aponta que ambos receberam US$ 40 milhões de propina em 2006 e 2007 para viabilizar contratação de navios-sonda para perfuração em águas profundas na África e no México.

Segundo a Procuradoria, em 2006 Cerveró -então diretor da área Internacional da Petrobras- e o lobista acertaram com Julio Camargo o pagamento de propinas no valor de US$ 15 milhões para que fosse viabilizada a contratação, pela estatal, do Navio-Sonda Petrobras 100000 com o estaleiro Samsung Heavy Industries, pelo valor de US$ 586 milhões.

Após as negociações, Cerveró adotou providências no âmbito de sua diretoria para que a contratação do navio-sonda fosse efetivada.

A partir de então, Baiano passou a receber a propina combinada e a repassar uma parte dos valores para Cerveró.

Segundo a acusação, criou-se um sistema para lavar o dinheiro da corrupção.

Para isso foram feitas operações de depósitos em contas bancárias no exterior em nome de offshores e de pessoas interpostas; simulação de contratos de câmbio e empréstimos fraudulentos.

A defesa de Nestor Cerveró disse que a denúncia espelha “ilações despidas de provas” do Ministério Público e negou as acusações.

Os advogados de Fernando Soares e de Alberto Youssef não se pronunciaram.

A Samsung declarou que trabalha em “total conformidade com as leis brasileiras”.

A defesa de Júlio Camargo não quis comentar.