Foto: BlogImagem Novatos na política e com perfil mais técnico, o governador eleito de Pernambuco, Paulo Câmara, e o prefeito do Recife, Geraldo Julio, têm se dividido no papel de liderança do PSB no Estado desde a morte do ex-governador e padrinho político Eduardo Campos em um acidente aéreo em agosto.
Durante o tradicional balanço de final de ano da PCR, Geraldo Julio garantiu que os dois estão em sintonia e que não haverá disputa por poder político no Estado. “Eu pretendo viver 130 anos.
E tenho certeza que até lá essa briga não vai acontecer”, assegurou. “Com certeza eu tenho que exercer, como prefeito do Recife, um papel de liderança do PSB aqui no Recife.
Agora, o líder político do PSB no Estado é Paulo Câmara.
Ele é o governador.
Ele foi indicado por Eduardo para ser o sucessor”, afirmou o gestor municipal, ao ser questionado sobre o papel de liderança que ele exerceu durante a última campanha na ausência de Eduardo.
Geraldo coordenou a campanha de Paulo Câmara na capital pernambucana e garantiu 77,83% dos votos da cidade. [NE10] Geraldo Júlio e as lideranças do PSB.
Em todo o Estado, Câmara conquistou mais de 3 milhões de votos, 68,08% do eleitorado, e teve a maior votação proporcional do Brasil em 2014.
Passado o primeiro turno, a dupla trabalhou para articular a eleição da nova Executiva Nacional do partido, com Carlos Siqueira na presidência.
Paulo ficou como vice e Geraldo como primeiro-secretário.
Tradicionalmente, porém, o PSB tem sido liderado de forma centralizadora por uma única pessoa.
O papel coube a Miguel Arraes, fundador do partido, entre 1993 e 2005, quando passou para as mãos de Eduardo Campos, que o exerceu até o acidente aéreo neste ano.
Quando havia divergência interna na sigla, o ex-governador atuava como mediador e dava a palavra final sobre os rumos do partido.
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Ele nega, porém, que a divisão de comando no PSB signifique a falta de uma liderança orgânica no partido.
ENTROSAMENTO – Durante a entrevista, Geraldo fez questão de demonstrar sintonia com Câmara e teceu diversos elogios ao colega de partido. “A gente não só é amigo há 25 anos, mas a gente tem as famílias ligadas.
Minha esposa é amiga da esposa de Paulo.
Meus filhos são amigos das filhas de Paulo.
A gente tem uma convivência, uma relação pessoal muito forte.
E a gente tem um alinhamento e uma sintonia política também”, disse.
Como boa parte da equipe técnica da gestão Campos, Paulo e Geraldo são concursados do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O governador é auditor e o prefeito, técnico de auditoria.
No Governo do Estado, Geraldo passou pelas Secretarias de Planejamento e de Desenvolvimento Econômico.
Paulo comandou as pastas de Administração, Turismo e Fazenda. “Nós trilhamos o mesmo caminho.
Temos um perfil pessoal parecido.
Paulo disputou a sua primeira eleição, assim como eu disputei a minha primeira eleição.
Digamos que a tese da minha candidatura foi muito parecida com a da dele”, lembra o prefeito.