Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil Não há consenso nos depoimentos dos dois ex-diretores da Petrobras ouvidos em acareação pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras na tarde desta terça-feira (2).
Paulo Roberto Costa (Abastecimento) disse estar arrependido de ter aceitado o cargo e que existe esquema de corrupção na estatal.
Nestor Cerveró (Internacional) negou ter recebido propina.
A sessão foi suspensa para uma votação do Senado, o que foi considerado por parlamentares uma manobra da base aliada para não concluir a oitiva dos ex-diretores.
Pela segunda vez, Costa afirmou estar optando por não responder as perguntas dos parlamentares, alegando estar em processo de delação premiada – o que foi questionado por deputados e senadores.
Porém, falou por poucos minutos, tempo suficiente para dizer que estava arrependido de ter aceitado a indicação para a direção e, mesmo não fazendo isso diretamente, admitiu o esquema de corrupção. “O que acontecia na Petrobras acontece no Brasil inteiro”, falou, dizendo que irregularidades acontecem em obras de portos, ferrovias e rodovias, por exemplo.
Ao contrário do que havia dito antes, o ex-diretor também respondeu questionamentos.
Um deles diz respeito a um email enviado à Casa Civil em 2009, à época sob responsabilidade da atual presidente, Dilma Rousseff (PT).
O texto, segundo Costa, informava sobre as ações da Petrobras que estavam na mira do Tribunal de Contas da União (TCU).
Costa disse que encaminhou as informações a pedido da pasta, como um alerta, e afirmou estar enojado sobre esquema.
O ex-diretor também foi indagado diversas vezes se o ex-presidente Lula (PT) tinha conhecimento sobre o esquema, o que negou.
Costa afirmou que não teve reuniões com o petista sobre o assunto.
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil Enquanto isso, Nestor Cerveró respondeu negativamente à pergunta se houve desvio de dinheiro para agentes públicos ou partidos políticos. “Desconheço esse esquema e desconheço qualquer esquema de propina.
Não recebi propina”, afirmou depois Cerveró.
O ex-diretor ainda se isentou sobre a responsabilidade na compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Em 2006, a Petrobras desembolsou US$ 360 milhões por 50% do complexo de Pasadena (incluindo estoques e uma empresa comercializadora).
O valor é bem superior ao pago um ano antes pela belga Astra Oil: US$ 42,5 milhões.
Cerveró ressaltou que o procedimento foi conduzido pela área internacional e aprovado pelo Conselho de Administração, à época presidido por Dilma.
Porém, eximiu também a petista sobre o caso, alegando que a decisão foi colegiada.
ABREU E LIMA - A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, foi citada por Paulo Roberto Costa em sua fala.
O ex-diretor afirmou que levou ao Conselho de Administração os problemas de licitação no Estado, que apresentavam “valores exorbitantes” e precisavam ser refeitas. “Como cada licitação demora de quatro a seis meses, isso gera impacto nos prazos”, afirmou.
Costa disse ainda que alertou o colegiado sobre a dificuldade de conseguir preços competitivos no País.
Parecer do Ministério Público Federal (MPF) aponta superfaturamento de R$ 613,3 milhões na construção da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR) da Rnest.