Por Paulo Veras, repórter do Blog de Jamildo Principal centro da cultura açucareira no Brasil, Pernambuco foi também um forte núcleo da escravidão no País, afirmou ao Blog de Jamildo o professor Moisés Santana, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Esse passivo histórico influencia até hoje na forma de participação do negro na política no Estado, acredita o especialista. “O Nordeste desempenhou o centro da economia açucareira e ela incorporou uma parte significativa da mão de obra escravizada”, lembra o professor, ao falar que o Brasil foi o País que mais incorporou a forma de produção escravista no mundo. “Aqui era um núcleo forte.

Você vê os nomes dos bairros da cidade e todos eles são nomes de ex-engenhos.

Isso está impregnado não só na história do Estado, mas também na cultura”, disse.

LEIA TAMBÉM: » Pernambuco elegeu apenas três negros em 2014 » Movimento negro quer criar Secretaria Estadual da Igualdade Racial Moisés Santana admite também que o fato de o Estado ainda ter uma política muito tradicional interfere negativamente no processo de inserção do negro no espaço político. “Se a gente for pensar do ponto de vista que essa história se reproduz no núcleo dos grupos que ocupam o espaço de poder no Estado, isso é bastante relevante”, explica.

O efeito dessa história é sentido por Marta Almeida, coordenadora do Movimento Negro Unificado de Pernambuco. “O nosso racismo é tão cruel que a gente não consegue reconhecer nossas origens.

A gente sabe a origem de uma macarronada, mas não conhece as origens de uma feijoada”, diz.

Ela lembra que uma pesquisa realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) listou o Recife na lista das capitais mais racistas do País. “O nosso racismo é um racismo rasteiro”, afirma. “Eu não digo que você não vai poder entrar numa loja, mas eu boto um segurança atrás de vocês.

Isso é que racismo em Pernambuco”, lamenta.

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