Por Ricardo Souza, do blog Rede Previdência O tema da Reforma da Previdência voltou ao noticiário, resultado do período pós-eleitoral e da consolidação de mais um mandato para a presidente Dilma Rousseff.
No entanto, o tema não é novo, e as propostas, há muito são discutidas nos meios técnicos, no Ministério da Previdência e no Congresso Nacional.
Já em 2011 a ideia ganhou força, mas, não avançou para um projeto (de Emenda Constitucional ou de Lei).
Em 2012, ano eleitoral, o tema saiu de cena.
Em 2013, tudo indicava que iria acontecer, mas, as manifestações de junho criaram uma situação desfavorável à Reforma da Previdência. 2014: ano eleitoral.
Nada feito!
Agora, existe uma conjuntura favorável à Reforma.
Para entendê-la, veja cada proposta e a respectiva tendência: 1 – Fim do fator previdenciário: apesar de ter sido defendida por técnicos do próprio Ministério da Previdência, que defendeu que uma solução alternativa não traria prejuízo ao caixa da Previdência, o núcleo duro do Governo Dilma rejeita categoricamente a tese.
A proposta somente pode ser aprovada em um eventual clima de rebelião do Congresso; 2 – Aposentadoria por invalidez: é possível que servidores públicos, nos casos em que esse benefício é proporcional (no INSS é sempre integral), tenham direito ao benefício integral.
No entanto, ainda se espera uma sinalização do Governo Dilma.
Nesse caso, é pouco provável uma rebelião do Congresso já que o tema não é tão palpitante (rende votos) quanto o fim do fator previdenciário; 3 – Pensões por morte no regime geral (RGPS/INSS): aí é que devem acontecer as principais mudanças.
A pensão deixaria de ser vitalícia para viúvos e viúvas de casais jovens, o benefício de pensão também teria uma queda em seu valor (se comparada à aposentadoria ou remuneração do segurado falecido).
Outra provável mudança: hoje, se um pensionista falece ou atinge a maioridade, o valor da sua quota e revertida para os demais pensionistas.
Isto se acaba.
Por outro lado, discute-se a volta do direito à pensão até os 24 anos de idade para universitários/universitárias; 4 – Gestão dos fundos de previdência dos estados e municípios: neste ponto, o Governo Federal bate-cabeça.
Sua própria reforma de gestão previdenciária está atrasada, os tribunais de contas nos estados atuam separadamente e de maneira dispersa, a ingerência política na escolha dos gestores provocam danos graves à gestão e não existe controle social.
Existem propostas de reformas profundas, como a criação de um sistema nacional de informações, auditoria previdenciária de sustentabilidade, intervenção nos regimes próprios de previdência nos moldes do que hoje se faz nos fundos de pensão e provocada pelos tribunais de contas.
No entanto, a vontade política dos principais atores nacionais ainda está por se manifestar.
No entanto, em termos gerais, há que se saudar o fato de o problema previdenciário voltar à berlinda.
Considerando o chamado bônus demográfico e envelhecimento iminente da nossa população, temos, apenas, vinte anos para resolver esta questão.