Por Adriano Oliveira O filósofo Marcos Nobre usa a expressão peemedebismo para caracterizar a relação Executivo e Legislativo no Brasil.
Para Nobre, o consórcio de partidos que apoia o Executivo constrói o peemedebismo.
Os membros do peemedebismo criaram a tese de que a governabilidade só ocorre caso benefícios ofertados pelo Executivo aos parlamentares proporcionem a coalizão partidária.
E, por consequência, a governabilidade.
São diversos os partidos que praticam o peemedebismo no Brasil.
Porém, observo exceções.
PT, PSDB, DEM, PPS e PSOL não praticam o peemedebismo.
O PT forma o pólo contrário ao outro pólo, o qual é formado pelo PSDB, DEM e PPS.
E o PSOL é outro pólo.
Independente de quem está no poder, o PSOL sempre faz oposição.
Os outros partidos não formam pólos e produzem o peemedebismo.
O PMDB é a agremiação partidária que melhor representa o peemedebismo.
Qual é a consequência do peemedebismo para a dinâmica eleitoral?
Tenho a hipótese de que o peemedebismo impossibilita o surgimento de terceira via competitiva nas eleições presidenciais desde a Era FHC.
O pólo liderado pelo PT exercia forte oposição ao PSDB na Era FHC.
Nesta Era, os partidos oposicionistas eram liderados pelo PT.
Na Era PT, a partir de 2002, o PSDB lidera o polo oposicionista.
Nas Eras FHC e Lula, o peemedebismo existiu, pois vários partidos integraram a coalizão.
O peemedebismo também está presente na Era Dilma.
Existem dois fortes pólos eleitorais no Brasil.
O polo liderado pelo PT e o polo liderado pelo PSDB.
Eles se revezam no poder e na preferência do eleitorado.
Sistematicamente, os pólos apresentam candidatos competitivos nas disputas presidenciais e atraem para as suas coligações outros partidos, os quais são agraciados com benefícios.
Os que não integram a coligação durante o processo eleitoral poderão vir a fazer parte da coalizão governamental de qualquer vencedor.
Durante o exercício do governo, os partidos peemedebistas passam a integrar o polo do PT ou do PSDB.
Deste modo, não fazem oposição e não criam as condições necessárias para apresentar candidatos competitivos nas futuras eleições presidenciais.
Com a aproximação da nova disputa presidencial, os partidos peemedebistas ameaçam sair da coalizão partidária e apresentam o desejo de lançar candidato a presidente caso as suas demandas para com o Poder Executivo não sejam atendidas.
Alguns têm as demandas atendidas.
Outros não.
E, com isto, optam por lançar candidato à presidência ou a mudar de polo.