Dilma Rousseff (PT) ao lado do vice, Michel Temer (PMDB), na convenção do PMDB em 2014.

Foto: reprodução do Flickr do PMDB Por Paulo Veras, repórter do Blog de Jamildo Mais da metade da bancada do PMDB no Congresso Nacional foi eleita em estados onde a legenda enfrentou o PT nas urnas nas eleições deste ano.

O PMDB é o principal partido da base aliada da presidente Dilma Rousseff (PT) e o presidente nacional da sigla, Michel Temer, é vice da petista desde 2011.

Mas o partido é marcado por históricas divisões internas; que fizeram com que uma parte da legenda marchasse com o senador Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da corrida presidencial.

Dos 66 deputados federais eleitos pelo PMDB neste ano, 38 vêm dos 15 estados em que petistas e peemedebistas se enfrentaram no plano estadual.

O mesmo vale para nove dos 18 senadores que o partido terá a partir de 2015.

PMDB e PT ficaram em palanques opostos em 15 estados: Acre, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.

Alguns dos atritos foram causados neste ano.

No Ceará, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, chegou a querer o apoio de Dilma na construção da candidatura e acabou perdendo para Camilo Santana (PT).

Já no Rio de Janeiro, Lindberg Farias (PT) preferiu apoiar Marcelo Crivella (PRB) no segundo turno, do que Luiz Fernando Pezão (PMDB); que foi reeleito.

Em 12 unidades da federação, as duas legendas estavam unidas ou se aliaram no segundo turno. É o caso de Alagoas, Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Rondônia, Sergipe e Tocantins.

Esses estados elegeram 28 dos deputados federais e nove dos senadores que compõem a bancada do PMDB no parlamento.

Mesmo assim, a relação nem sempre é harmônica.

No Maranhão, por exemplo, os peemedebistas já se queixaram do engajamento do PT na campanha de Lobão Filho.

DERROTA NO CONGRESSO - O entendimento com o PMDB tem sido um dos grandes desafios de Dilma após a reeleição do dia 26.

Já na terça-feira (28), a Câmara Federal votou pela derrubada do decreto do Planalto que criava os conselhos populares na administração pública federal.

A derrota do governo foi articulada pela ala descontente do PMDB, liderada pelo deputado federal Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro.

Desafeto de Dilma, Cunha já foi lançado pelo partido como pré-candidato a Presidência da Câmara, cargo que o PT tem interesse.

Hoje, a presidência da Casa é ocupada por Henrique Eduardo Alves, que perdeu o Governo do Rio Grande do Norte para Robinson Faria (PSD), com apoio petista.

O episódio deixou ainda mais arestas na relação entre a presidente e o PMDB.

Em junho, quando a convenção do PMDB aprovou a continuidade da aliança com o PT no plano federal, 398 delegados do partido votaram pelo apoio a Dilma Rousseff, enquanto 275 representantes, o equivalente a 41% do partido, foi contra.