Foto: Nelson Jr/STF Em entrevista publicada na Folha de S.

Paulo desta segunda-feira (3), o ministro e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou que, durante a campanha deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tendia a apoiar a presidente Dilma Rousseff (PT).

Ele também defende que o STF não se torne uma “corte bolivariana” com a maioria dos ministros indicadas por Dilma e pelo ex-presidente Lula (PT). “Saí do TSE em 2006.

Não tenho tempo de acompanhar, mas achei uma composição muito diferente daquilo com que estava acostumado.

Um ambiente de certa acomodação.

Talvez um conformismo.

Está tudo já determinado, devemos fazer isso mesmo que o establishment quer”, afirmou o ministro, após critica a “paz de cemitério” na Justiça Eleitoral.

Questionado, em seguida, se o TSE estava tendendo a apoiar coisas do governo, Gilmar assentiu. “Fundamentalmente chegava a isso.

Cheguei a apontar problemas nesse sentido”, disse o ministro, que classificou a composição do TSE como “juvenil”.

Mendes também foi questionado sobre o fato de se tornar, em breve, o único ministro no Supremo que não foi indicado por um presidente petista e o que isso mudaria na Suprema Corte brasileira. “Não tenho bola de cristal, é importante que não se converta numa corte bolivariana”, disse. “Que perca o papel contramajoritário, que venha para cumprir e chancelar o que o governo quer”, alertou.

PETROLÃO - Gilmar Mendes comentou ainda as suspeitas de desvio na Petrobras para, através de propina, comprar apoio de parlamentares no Congresso. Às vésperas da eleição, a revista Veja publicou que o doleito Alberto Youssef havia afirmado, em depoimento à Polícia Federal, que Lula e Dilma sabiam sobre os desvios. “A única coisa que me preocupa, se de fato os elementos que estão aí são consistentes, é que enquanto estávamos julgando o mensalão, já estava em pleno desenvolvimento algo semelhante, talvez até mais intenso e denso, isso que vocês estão chamando de Petrolão. É interessante, se de fato isso ocorreu, o tamanho da coragem, da ousadia”, afirmou.