Na imagem, registro do encontro entre Paulo Roberto Costa, Dilma, Lula e Gabrieli.
Foto: Allan Marques/Folhapress.
Matéria publicada na versão on line do jornal Folha de S.
Paulo neste domingo (02) informa que a presidente Dilma Rousseff (PT) teria desconfiado da atuação do ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ainda em 2008.
A informação foi confidenciada a amigos durante a campanha eleitoral, aos quais Dilma relatou ter “se irritado” com Costa por conta de um negócio envolvendo a estatal.
Dilma disse aos conhecidos que desconfiou dos “malfeitos” (como costuma chamar) de Paulo Roberto ainda no ano de 2008, durante o segundo mandato do ex-presidente Lula (PT).
Na época, o ex-diretor era conhecido como o “todo poderoso” da Petrobras e Dilma era ministra da Casa Civil.
A desconfiança de Dilma se deu depois que, em um encontro comandado por ela, Paulo Roberto Costa foi chamado para uma reunião no Palácio do Planalto que trataria de negócios relativos à exploração de Potássio na Amazônia.
Costa informou a Dilma que uma parte da mina de salvinita (minério do qual o potássio é extraído) havia sido vendida a uma empresa canadense, negócio que geraria cerca de 150 milhões de dólares a Petrobras A então ministra disse ter ficado “irritada”, uma vez que o potássio é importante para a indústria de fertilizantes e considerado produto estratégico para a produção agrícola brasileira.
Vendo que Costa não estava disposto a desfazer o negócio, Dilma desceu ao 3° andar do Palácio, onde funcionava o gabinete do ex-presidente, para relatar-lhe o ocorrido.
Lula deu aval a Dilma para que o negócio fosse desfeito.
A presidente disse a seus interlocutores que foi nessa ocasião a primeira vez em que desconfiou que havia “alguma coisa errada” com Costa.
Apesar da desconfiança, o ex-diretor só foi afastado do cargo em 2012, no segundo ano de mandato da presidente e, muito embora tenha dito na campanha que o demitiu, documentos mostram que Paulo Roberto Costa saiu da Petrobras “a pedidos” e recebendo agradecimentos pelos serviços prestados à empresa.
Paulo Roberto Costa foi preso em março na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um esquema de desvio de verbas bilionárias da estatal.
No início de setembro, a revista Veja publicou uma reportagem que trazia trechos do depoimento de delação premiada do ex-diretor, que mencionava nomes de político da base aliada do Governo Federal que estariam envolvidos no esquema.
Deputados, senadores, ministros e governadores teriam sido mencionados por Costa.
A investigação segue em segredo de justiça.