Por Jamildo Melo, editor do Blog cO tema dos desvios permeou a campanha em vários momentos, ganhando relevo ao sabor dos presidenciáveis.
Na semana decisiva, a Revista Veja trouxe reportagem com o doleiro Youssef na PF de Curitiba, afirmando que Lula e Dilma sabiam das irregularidades na estatal.
O caso foi parar no TSE, que deu direito de resposta à campanha de Dilma e vetou a publicidade da revista, nas rádios.
Nos debates de TV e nas inserções, além dos comícios, Dilma insistiu que por seus méritos e vontade tinha permitido a PF e aos promotores de Justiça investigar os atos de corrupção em seu governo, enquanto os tucanos a teriam varrido para baixo do tapete.
Aécio sempre rebatia que, em uma democracia, os órgãos eram independentes. “Nunca compactuei com corrupto ou corrupção.
Sempre combati, fui atrás, doa a quem doer.
Vou condenar corruptos e corruptores”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff.
O combate à corrupção e à impunidade continuará sendo uma das prioridades do governo de Dilma para os próximos quatro anos”, declarava a presidente, sempre frisando que foi a única candidata a apresentar um conjunto de medidas concretas para que o objetivo seja atingido.
Além disso, foram colocadas em prática no primeiro mandato de Dilma, como a criação do Portal da Transparência, a Lei de Acesso à Informação (LAI), a Lei da Ficha Limpa e a Lei das Organização Criminosas.
LEIA TAMBÉM: » Veja: Dilma e Lula sabiam de tudo, diz Alberto Youssef à PF » Dilma classifica reportagem da Veja de terrorismo eleitoral » Denúncia da Veja é um processo golpista, afirma Dilma “Eu acredito que o Brasil precisa ter reforçados alguns valores e alguns fundamentos, e um deles é o combate sem tréguas à corrupção.
Esse combate tem sido um compromisso do meu governo, e não tenho dúvidas que precisamos avançar”, disse a presidenta.
Os tucanos pegaram no pé da candidata ao retomar a campanha no segundo turno, ao subir no palanque do filho de Renan Calheiros, ao lado de Fernando Collor, em Alagoas.
Collor reelegeu-se senador.
O filho de Renan elegeu-se governador. “No mandato, a Polícia Federal e o Ministério Público tiveram total liberdade para investigar de forma neutra todas as acusações receberam, ao contrário do que acontecia nos governos anteriores ao do ex-presidente Lula, quando esses órgãos eram aparelhados e dirigidos por filiados ao partido que estava no poder.
E não preciso dizer a respeito do procurador-geral da República, porque a imprensa colocou nele o nome de engavetador-geral da República”, ressaltou Dilma, que explicou que para o Ministério Público escolheu uma lista tríplice, apresentada por todos os procuradores. “Garanti que não houvesse esse tipo de interferência na Polícia Federal.
E por isso no meu período ela investigou não só a corrupção, mas a lavagem de dinheiro e demais crimes financeiros”, disse Dilma. “A minha determinação é punir todos os investigados que sejam culpados, corruptos e corruptores.
Eu me pergunto, onde estão todos os envolvidos em casos de corrupção?
Todos soltos.
Na pasta rosa?
Todos soltos.
Aonde estão aqueles envolvidos no mensalão tucano mineiro?
Todos soltos.
Onde estão os envolvidos no escândalo dos metrôs e trens em São Paulo?
Todos soltos.
Quero todos aqueles culpados presos”, pontuou.
Já os críticos da campanha petista reclamaram que a tentativa da presidente Dilma de condenar a divulgação e não o crime foi rechaçada pelo MP e pela associação de juízes.
Criticada pessoalmente pelo ex-presidente Lula, a jornalista Miriam Beltrão comentou que a resposta da presidente Dilma, de que a divulgação era golpe, foi a mesma que apareceu na época do mensalão. “Que golpe é a polícia Federal e o MP e a Justiça apurarem crimes contra os cofres públicos?”, argumentava.
André Singer, ideólogo do PT, em um artigo na Folha de São Paulo, nesse sábado, apresentou uma boa sugestão, para qualquer que fosse o eleito, a ser encaminhada já no dia da posse, em 1º de janeiro de 2015, em nome do consenso produzido pela competição, no bojo da reforma política. “Ambos afirmaram ser prioridade.
A ou o presidente poderia enviar de imediato uma proposta irrecusável: a que tipifica o caixa dois como crime, e não como ilícito eleitoral.
Isso ajudaria a tornar exequível a proibição de contribuições empresariais, que o STF deve aprovar em breve.
A inclusão de medidas concretas no discurso de posse, em geral só retórico, faria jus a uma das disputas mais equilibradas e discutidas da ainda jovem democracia brasileira.”