Transnordestina vai demorar a chegar ao Porto de Suape.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem Por Fernando Castilho, na coluna JC Negócios, do Jornal do Commercio desta sexta-feira (24).

Transnordestina via Pecém A ferrovia Transnordestina, um projeto acalentado pelos pernambucanos desde os tempos do Império, está seguindo para o porto de Pecém, no Ceará.

A proposta desenhada no governo Lula era de uma estrada de ferro de três cabeças, nascendo em Eliseu Martins (PI), derivando, em Salgueiro (PE), para Suape (PE) e Pecém (CE).

Mas o governo federal optou por fazer logo o sentido Norte e, esta semana, deu as ordens de serviço nos trechos que levam ao litoral do Ceará.

Isso não quer dizer que Suape pode não receber a estrada.

Mas enquanto o governo cearense assegura acesso ao terminal marítimo por decisão própria, Suape depende de autorização da Secretaria Especial dos Portos, em Brasília, que sequer analisou a proposta.

Suape projeta a ferrovia servindo a um terminal de granéis sólidos e a outro de minérios, na ilha de Cocaia.

As ordens de serviço foram dadas pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, na última terça-feira, em Fortaleza, na presença do governador Cid Gomes, para os trechos entre Missão Velha e Acopiara, num total de 150 quilômetros.

Na prática, isso quer dizer que enquanto no sentido Suape (522 km) só existe a terraplanagem, no sentido de Pecém, além do trecho Salgueiro-Missão Velha (CE), existem agora mais dois até Acopiara em obras firmes.

O terceiro Salgueiro-Eliseu Martins tem metade da ferrovia concluída.

No Ceará, a Transnordestina só precisa de mais dois trechos (Piquet Carneiro-Quixadá (179,2 km) e Itapiúna-Porto do Pecém (164,3 km)), totalizando 343,3 quilômetros.

Ferrovia de três cabeças O projeto da Transnordestina prevê 1.728 quilômetros de ferrovia em bitola métrica e de 1,6 m, beneficiando 81 municípios no Piauí (19), Ceará (28) e Pernambuco (34).

Na teoria, a ferrovia ligaria o terminal ferroviário de Eliseu Martins (PI) aos terminais portuários de Suape (PE) e Pecém (CE).

Mas desde o começo ficou claro que aonde o trem chegar primeiro, a ferrovia se viabiliza globalmente.

Opção Suape Até a aprovação da MP 595, que virou a Lei nº 12.815, Suape parecia a opção mais viável, pelo potencial de negócios já agregado ao terminal.

De granéis líquidos ao complexo industrial, ainda que o único trecho pronto fosse entre Salgueiro e Missão Velha.

Opção Pecém As dificuldades começaram quando a nova lei tirou de Suape o poder de negociar seus projetos portuários sozinho e subordinando-os à SEP, entregue ao grupo político da família Gomes, do Ceará.

A SEP não conseguiu analisar nenhum projeto de Suape.