Inocêncio Oliveira foi destituído da presidência do PR em Pernambuco.
Anderson Ferreira foi nomeado para o lugar dele.
Gustavo Lima/Câmara dos Deputados Por José Adalberto Ribeiro “A política é uma rede de intrigas, invejas, perfídias e traições”.
Assim falou Brás Cubas aos seus discípulos nas palavras magistrais de Machado de Assis.
Esta é uma das faces da política, mas também existe a face da generosidade, gratidão, solidariedade, lealdade.
Lembrei-me da sentença de Brás Cubas ao ser informado sobre o golpe de rasteira aplicado pelo deputado noviço Anderson Ferreira contra o veterano deputado Inocêncio Oliveira, destituído da direção regional do Partido da República em Pernambuco.
Os números traduzem a voz das urnas e a trairagem.
A saber: Anderson deu o salto para a Câmara dos Deputados em 2010 graças à votação de Inocêncio Oliveira desde então passou a conspirar contra seu benfeitor.
Obteve há quatro anos 48.435 votinhos, bem distante do quociente eleitoral para federal, na casa de 178 mil votos.
Ao conquistar 198.407 votos, Inocêncio montou a escadaria para Anderson trilhar os degraus da Câmara Federal.
Sabia de antemão que o potencial eleitoral de Anderson estava muito aquém das ambições dele para chegar a Brasília.
Mesmo assim, generosamente, ofereceu a ele a legenda do PR para ser candidato a federal.
Nas eleições deste ano um dos padrinhos de Anderson foi o pastor (in)Feliciano.
Os dois, de mãos dadas, proclamam ser defensores da família.
Da família dos escorpiões, certamente.
Depois de ingressar no PR com seu cavalo de Tróia, a marca de Anderson foi a conspiração permanente contra Inocêncio na tentativa de boicotá-lo na direção partidária.
Sempre foi um ausente nas movimentações do PR.
O evangelho do conspirador está mais para Judas do que para o bom samaritano.
A destituição anunciada foi arbitrária e sem nenhuma consulta às bases partidárias, tampouco aos três deputados estaduais, dezenas de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e ex-gestores municipais.
A injustiça da intervenção arbitrária consiste em que o deputado Inocêncio foi o principal articulador, responsável pela implantação do PR em mais de uma centena de municípios do Estado, líder inconteste de um batalhão de militantes em todas as regiões do Estado.
Neste momento em que conclui seu décimo mandato parlamentar, Inocêncio é merecedor de gratidões e não de crueldades e traições.
O pretexto de que Inocêncio apoia a candidatura presidencial de Aécio Neves é descabido, porque o próprio Anderson também faz parte da Frente Popular, que também apoia Aécio, ao menos formalmente.
Certamente agora ele irá ficar na moita, ou obedecer ao comando nacional por oportunismo.
Ou pedir conselhos ao seu guru (In)Feliciano.
O PR de Pernambuco exerceu sua autonomia regional ao apoiar Aecio Neves, conforme havia sido decidido tempos antes pela direção nacional.
Se o Partido da República em Pernambuco trilhar a partir de agora o caminho da perdição das traições e trairagens, o esvaziamento será inevitável.
Com seu perfil dedicado às bases e a quilometragem de quatro décadas de desempenho parlamentar, o deputado Inocêncio Oliveira foi a fonte da sustância do Partido da República desde sua criação em 2006, ao resultar da fusão do Partido Liberal e do Prona, de Eneas Carneiro.
Sob o signo das traíras e das peçonhas, o PR de Pernambuco irá percorrer as trilhas da desagregação.
José Adalberto Ribeiro é assessor do deputado federal Inocêncio Oliveira (PR).