Por Jamildo Melo, editor do Blog Um despacho do juiz federal Rogério Fialho Moreira, de 12 de novembro de 2009, nos autos da investigação Farda Nova e Zelador, da Polícia Federal em Pernambuco, mostra que as escutas feitas com a autorização da Justiça não se restringiram ao ano de 2007, seja no governo Eduardo Campos ou no fim da gestão Newton Carneiro.

O delegado Bernardo Gonçalves de Torres, responsável pelas investigações, em 04 de novembro de 2008, pede a prorrogação e o início de novas interceptações telefônicas.

No mesmo documento, ele pede prisões temporárias e preventivas, além de autorização de busca e apreensões, das quais não se teve notícia, pelo menos publicamente.

O juiz da 4ª Vara havia acabado de declinar da competência pois um dos investigados atualmente exercia (2009) cargo de deputado estadual.

Era Elina Carneiro, filha do prefeito, acusada entre várias pessoas de participar de irregularidades no município, de acordo com ação penal apresentada pelo MPPE e aceita pela Justiça do Estado.

A partir da documentação oficial, também toma-se conhecimento de que pelo menos dois deputados federais do Estado também foram investigados.

O chefe do MPF local Antônio Edílio Magalhães Teixeira pediu que o caso fosse ao STF, pois, nos fatos em apuração, havia relator de conversas envolvendo Bruno Rodrigues (PSDB) e Marcos Antônio, mais conhecido como Negão Abençoado, do PRB, que tinha atuação em Jaboatão dos Guararapes.

Os dois depois acabaram desistindo de disputar novos mandatos.

No STF, a ministra Carmem Lúcia acabou determinando o desdobramento dos autos para que naquela corte fossem apurados os fatos relacionados apenas aos dois federais.

Sobre Elina, o MPF requereu que os autos fossem devolvidos a PF para adotar os esclarecimentos pertinentes a fim de melhor visualizar a participação da deputada estadual.

Segundo as autoridades, além de filha do prefeito, Elina era diretamente ligada ao presidente da Câmara dos Vereadores de Jaboatão.

O juiz explicou que o caso começou com uma investigação de cambio ilegal (com o doleiro Jordão Emerenciano), depois passou para o âmbito da Câmara de Vereadores de Jaboatão e, desde então, mudaram os rumos centrais da investigação, que passou a focar diretamente o caso de corrupção no âmbito do município.

Neste último conjunto de fatos que apareceu o nome da deputada estadual Elina Carneiro.

No documento, o delegado da PF fala de provas coletadas contra a deputada.

O MPF corrobora que não tinha nada a ver com câmbio. “A mesma é investigada por atos de corrupção com objetivo de captar apoios políticos, havidos no âmbito da Câmara de Vereadores de Jaboatão”.

O juiz federal ainda descreve. “Para a viabilização dos acordos políticos, alguns vereadores receberam da deputada Elina Carneiro cotas de indicação de pessoas para cargos comissionados no referido município e algumas pessoas indicadas e nomeadas para os referidos postos não trabalharam efetivamente ou repassaram parte dos seus vencimentos para os vereadores responsáveis por suas indicações’, diz o juiz do TRF5.

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