Por Evaldo Costa, especial para o Blog de Jamildo Se tivesse o poder que Marina Silva amealhou, com sua história de vida, sua ação política e suas duas campanhas presidenciais, não negaria de antemão o voto ao PT.

Acho que é devido ao PT - na verdade mais a Lula do que ao PT - o reconhecimento de um feito de magnitude universal, que é ter reduzido a miséria no mundo pela simples exclusão do Brasill do mapa global da fome.

Por isso, e por mais algumas outras coisas menos relevantes, antes de negar apoio eu pediria que o partido no qual tantas vezes votei, e que se arvora de ser detentor da liderança da esquerda brasileira, praticasse algo que é intrínseco ao pensamento de esquerda: a critica, melhor dizendo, a autocrítica honesta, de base dialética.

Eu votaria no PT se ele avaliasse o papel que vem desempenhando na política brasileira desde que teve a oportunidade histórica de exercer frações importantes de poder politco no país, incluindo, até, o período em que hegemonizou a oposição na era FHC.

Eu votaria no PT se, depois daquela análise profunda, os companheiros petistas reconhecessem que: 1. desperdiçaram a oportunidade histórica de fazer na prática o que pregavam no palanque: uma clara e indiscutivel republicanição da política e da vida pública brasileiras, em vez de tornar a corrupção onipresente, generalizada.

Nada mais lógico que assim agisse uma força politica que tantas vezes cobrou ética aos outros e praticou, de forma tão insistente, um moralismo primário (pleonasmo?), oportunista, que empobrece a política. 2. como se fosse pouco, também falharam feio como gestores públicos, realizando gestões pouco criativas e absolutamente inefetivas tanto na ampliação e modernização da infra-estrutura brasileira quanto - o que é pior - na oferta de serviços públicos minimamente aceitáveis na educação, na saúde e na segurança pública.

Isso é fato: doze anos de governos petistas nos legam uma escola pior do que a que havia antes, uma saúde pública que atravessa crise profunda e níveis de insegurança compatíveis com os de nações em guerra.

Eu votaria no PT se os companheiros petistas, muitos dos quais meus amigos de longa data, tivessem a coragem de reconhecer o governo Dilma como o mais tacanho, o mais atrapalhado, o mais ineficiente governo desde Fernando Collor.

Se admitissem, sem orgulho, mas também sem constrangimento, que o Brasil,nada terá a recordar de positivo da era Dilma seja como administração, seja como fortalecedora da boa prática Política.

Eu votaria no PT se os companheiros, depois do reconhecimento e do meaculpa, se dispusessem a retomar os compromissos históricos da esquerda brasileira, inaugurassem um amplo diálogo e firmassem compromissos claros de departidarizar a burocracia estatal, desaparelhar as instituições e deseleitoralizar a política.

Não é tarde para a autocrítica, o reconhecimento, o pedido de desculpas, a assunção de novos/velhos compromissos.

Mesmo que seja tarde para esta eleição, sempre é tempo de abandonar o caminho da perdição.

Evaldo Costa é jornalista