Por Jamildo Melo, editor do Blog O doleiro João Emereciano tinha pretensões políticas na capital pernambucana.
Os grampos da PF em Pernambuco, no começo da gestão Eduardo Campos, em 2007, sustentam que a suposta quadrilha tinha planos de levá-lo ao Legislativo municipal, com o objetivo de cometer ilegalidades.
Dono de uma casa de câmbio, chamada Didier e Levy, de fato Jordão Emericiano era sócio-gerente de uma casa de câmbio e chegou a ser candidato a vereador no Recife pelo PSDB, em 2008. » PF apurou suposto esquema de corrupção no governo Eduardo Campos De acordo com as suspeitas da PF, a partir do sucesso nas operações em Jaboatão dos Guararapes, então comandada pelo PSB e onde o presidente do Legislativo pertencia ao PSDB, o grupo teria se infiltrado no Estado.
Como não apareceu uma ação penal contra as supostas mazelas no Estado, o que há é a palavra da PF.
Jordão Emereciano seria o elo entre Valério Rodrigues, irmão do ex-deputado Bruno Rodrigues (PSDB), além de Geraldo Cisneiros e sua irmã, Cristina Cisneiros.
O papel do doleiro seria lavar os recursos escusos, por meio de contas fraudulentas, com a ajuda de um funcionário da Caixa Econômica Federal. “Constatou-se que Cristina Cisneiros está trabalhando juntamente com Valério Rodrigues a fim de eleger Jordão Emereciano, seu sócio, no cargo de vereador do Recife.
Há indícios de que tal esforço tem o objetivo de infiltrar Jordão em tal prefeitura a fim de obter vantagens indevidas em tal instituição.
Ressalta-se que no esquema em questão quanto mais ‘contatos’ os investigados tiverem em órgãos públicos, maiores vantagens poderão obter nos processos licitatórios”, escreve a PF.
No meio da chamada operação Zelador, em outubro de 2007, a PF diz que verificou a confirmação de indícios já existentes de envolvimento dos alvos com os crimes de tráfico de influência, corrupção e lavagem de dinheiro.
Os grampos foram autorizados pela 4ª Vara Federal da Justiça. “No que se refere especificamente a Cristina Cisneiros fica evidente a sociedade entre ela e Jordão Emereciano quanto à participação de licitações públicas” “Quanto a Valério Rodrigues observou-se que o seu principal projeto no momento é a eleição de Jordão ao cargo de vereador bem como a de seu irmão Bruno Rodrigues ao cargo de prefeito do Recife.
Assim como Cristina em relação a Geraldo Cisneiros, Valério também costuma agir em nome do irmão e com aval deste realiza diversas transações econômicas relacionadas a processos licitatórios.
Valério atua através da oferta de informações privilegiadas e de ‘troca de favores”, descreve a PF, em um relatório encaminhado a Justiça Federal.
As escutas foram iniciadas em 04 de julho de 2007, na chamada operação Farda Nova e Zelador.
O delegado que assinava as peças era Bernardo Gonçalves de Torres.
Depois, Jordão Emericiano teria se aproximado de Romero Pontual, presidente da Ceasa, com o objetivo de ampliar para todo o Estado as licitações fraudulentas.
Tribunal de Justiça de Pernambuco.
Foto: Divulgação.
Conforme informou ontem o Blog, deste processo inicial, repassado pelo MPF e PF, a partir do inquérito 433/2007, o MPPE ajuizou uma ação penal na 1ª Vara Criminal da Justiça de Jaboatão dos Guararapes.
Um documento da Justiça Federal, ao informar que o TRF5 abriu mão da competência para o TJPE, informa que o fazia para apuração de possíveis crimes de corrupção na Câmara dos Vereadores e Prefeitura Municipal de Jaboatão dos Guararapes.
O processo tem como objeto corrupção ativa e formação de quadrilha, tendo recebido o número 0001940-30.2012.
Há uma dezena de acusados, cujos nomes podem ser visualizados pelo site do TJPE.
O destaque é o nome do ex-vereador de Jaboatão dos Guararapes pelo PSDB Geraldo Cisneiros, que presidiu a Câmara Municipal de Jaboatão na época de Newton Carneiro (PSB).
O político e empresário ainda é ligado aos tucanos do Estado.
A ação penal apresentada pelo MPPE envolve ainda o nome da ex-vereadora de Jaboatão dos Guararapes e ex-deputada estadual Elina Carneiro, filha do ex-prefeito socialista Newton Carneiro.
Elina foi ex-secretária municipal de Jaboatão na gestão do pai e ex-deputada estadual.
O TJPE informou, por meio de sua assessoria, que o juiz recebeu a denúncia, mas não há uma decisão ainda.
A vara é acumulada pelo juiz Carlos Fernando Carneiro Valença Filho.
O judiciário local explicou que não começou a fase de audiências e que os advogados de defesa pediram absolvição sumária.
O juiz analisa o pedido.
O Blog de Jamildo apurou que o caso tem audiência marcada para 18 de novembro.
Os outros “processos-filhos” da investigação inicial da PF, envolvendo auxiliares graduados do governador Eduardo Campos e pelo menos um deputado que migrou do PSDB para o PSB, não chegaram ainda à Justiça.
Uma fonte do MPPE informou que pode ter algo mais sendo investigado, antes de uma eventual ação penal.
O Blog de Jamildo tentou contato com o procurador-geral do MPPE, Agnaldo Fenelon, mas não obteve sucesso.
Quem está à frente deste caso é a promotora de Justiça Liliane Mendes Ramos, que se encontra de licença e estará retornando na segunda-feira à tarde.
Polícia Federal Um inquérito aberto em 2007 pela Polícia Federal em Pernambuco – de número 433 e que inicialmente tinha por objeto apurar supostas irregularidades com jogo do bicho – acabou flagrando um possível esquema de tráfico de influência e corrupção no Governo do Estado, na gestão Eduardo Campos, com participação de um deputado e um vereador do PSDB, além de vários funcionários de segundo escalão do Estado.
Após as investigações, pelos menos dois processos foram enviados à Justiça Federal e à Justiça de Pernambuco, desde 2013.
De acordo com as investigações, o elo entre as duas instâncias e os dois casos foi o empresário Severino Jordão Emericiano Júnior.
A PF confirma a existência dos inquéritos, mas não informa detalhes das operações.
Em nota enviada ao Blog de Jamildo, o Ministério Público Federal informou que os crimes federais já estão sendo apreciados pela Justiça Federal.
O caso corre em segredo de Justiça.
No que toca aos desdobramentos estaduais, a Justiça Federal informou que o caso chegou a ser levado ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no Recife, por conta da suposta participação do deputado tucano.
De acordo com a Justiça Federal, em dezembro de 2009, o TRF5 declinou da competência porque cessou a condição de deputado federal de um dos investigados.
Para a continuidade das investigações, o inquérito passou a ser tratado de forma direta entre o MPF e a Polícia Federal.
Ministério Público de Pernambuco.
Foto: reprodução/Facebook.
Desde março de 2013, por decisão do TRF5, o caso passou a ser tratado pela Justiça do Estado, consequentemente com atuação do Ministério Público de Pernambuco.
O MPPE encaminhou pelo menos uma ação ao Judiciário.
Blog de Noélia Informações sobre essas denúncias vieram a público no blog de Noélia Brito – que já colaborou com o Blog de Jamildo e é militante do PT – a partir de fragmentos dos trechos dos grampos da PF, logo depois do primeiro turno das eleições presidenciais, quando o PSB de Eduardo Campos derrotou a aliança PTB/PT no Estado de Pernambuco.
No plano nacional, com a derrota de Marina, o PSB anunciou aliança com o PSDB de Aécio Neves.
Justiça Federal A partir do inquérito 433/2007, no plano federal, Jordão Emericiano Júnior foi acionado em outubro de 2013 ainda, sob a acusação de lavagem de dinheiro e falsificação de documentos.
Na condição de sócio, Jordão Emericiano estaria gerindo fraudulentamente instituição financeira, a corretora de câmbio Didier e Levy em Pernambuco.
Além de operar câmbio clandestino, o empresário é acusado de corrupção ativa.
Jordão Emereciano contou com a ajuda do então gerente-geral da agência da Caixa Econômica Federal em Jaboatão dos Guararapes, Otto Schmidt Neto.
O funcionário público teria colaborado, em outubro de 2006, para a abertura de movimentação de contas sob nomes falsos ou de pessoas inexistentes, em agência sob responsabilidade.
Otto teria usado “conhecidos seus” com a finalidade de aprovar as contas.
Com o artifício, Jordão Emericiano poderia ir além do limite oficial que lhe era estabelecido para a troca de moeda estrangeira.
Derivado do mesmo IPL 433/2007, o processo foi instruido por determinação do desembargador do TRF5 Rogério Fialho Moreira.
O caso é julgado pelo juiz federal César Arthur Cavalcanti de Carvalho, da 13ª Vara Federal.