Por Adriano Oliveira, em seu blog A discussão entre FHC e Lula sobre as escolhas eleitorais dos nordestinos trará consequências negativas para a candidatura de Aécio.

O PT sabe transformar erros dos adversários em benefícios.

Isto ocorreu durante o primeiro turno.

A cada frase de Marina, uma propaganda contra ela era criada pelos estrategistas do PT.

Tal atitude não é demérito para o PT.

A oposição é que precisa ser sábia.

Aliás, quando os intelectuais se pronunciam contra o PT, em especial quanto às escolhas eleitorais dos nordestinos, eles beneficiam a candidatura Dilma no Nordeste.

Os intelectuais precisam ser sábios e estratégicos.

O problema relevante que surge diante das intrigas entre FHC e Lula é: por que os nordestinos votam majoritariamente em Dilma?

No segundo semestre deste ano, a graduada em Ciência Política da UFPE, Luma Neto, defendeu, sob a minha orientação, a monografia “A economia e a escolha do eleitor: de FHC a Dilma”.

Para os que estão ansiosos quanto à uma explicação científica sobre as decisões eleitorais dos nordestinos, recomendo tal trabalho.

Com grande volume de dados empíricos, Luma Neto mostra que nos estados do Nordeste durante a era Lula, a taxa de desemprego diminuiu e a renda e o PIB cresceram.

Portanto, de imediato, já encontro razões para o voto maciço em Dilma Rousseff.

Porém, Luma Neto mostra que em diversos estados do Brasil que ocorreram variação positiva da renda e do PIB, além da diminuição do desemprego, a candidata Dilma, na disputa presidencial de 2010, não conseguiu obter sucesso eleitoral.

Caso semelhante ocorreu com o candidato Lula na disputa presidencial de 2006.

Portanto, as variáveis econômicas não são suficientes para explicar o desempenho dos presidentes em diversos estados do Brasil.

Porém, ressalto, que Luma Neto, através de regressão logística, mostra que quando a média do PIB per capita é alta e a média da taxa de desemprego é baixa, especificamente no período de 2006 a 2010, o candidato da situação tem maiores chances de vencer.

Neste sentido, a explicação econômica do voto importa, mas não conduz a explicações satisfatórias.

Então, o que explica o voto dos nordestinos em Dilma?

Continuo a insistir na variável econômica.

Neste sentido, o gráfico 1 sugere que a variação positiva da renda, em particular no Piaui, estado em que Dilma conquistou expressivo porcentual de votos no primeiro turno da eleição presidencial de 2014, incentiva os eleitores a votarem na candidata do PT.

Gráfico 1 – Variação da renda dos eleitores – Fonte: Valor Econômico A figura 1, por sua vez, apresenta o número de municípios por estados contemplados com benefícios do PAC 2 na era do PT.

Ao olhar para a figura, constato que na eleição presidencial de 2010, Dilma venceu na maioria dos municípios que receberam ações do PAC, em particular nos municípios do Nordeste. É importante esclarecer que o PAC contempla os municípios com retroescavadeiras, motoniveladoras e caminhões-caçamba.

Ressalto que reportagem do Valor Econômico mostrou que o PAC 2 foi utilizado intensamente no primeiro turno da campanha presidencial de 2014 em municípios com até 50 mil habitantes para evitar o crescimento de Marina Silva – https://www.valor.com.br/eleicoes2014/3680402/dilma-tenta-blindar-grotoes-contra-marina.

Figura 1 – As obras do PAC e as escolhas dos eleitores – Fonte: Valor Econômico Mais existem dois dados importantes, os quais não foram detectados por Lula e FHC no debate sobre as escolhas eleitorais dos nordestinos.

A última pesquisa do Datafolha realizada às vésperas da eleição do primeiro turno mostra que o Nordeste concentrar o maior número de municípios com até 50 mil habitantes.

E são nestes municípios que a presidenta Dilma tem expressivo porcentual de votos.

Mas diante desta constatação, o problema proposto volta à tona: por que os nordestinos votam majoritariamente em Dilma?

Outro dado relevante: a última pesquisa do Datafolha realizada antes da eleição do primeiro turno mostra que o Nordeste concentra 61% dos eleitores com renda familiar até R$ 1.448,00.

E é neste intervalo de renda, que Dilma conquista alto porcentual de eleitores em razão dos benefícios dos programas sociais, em particular do Bolsa Família – Hipótese.