Por Michel Zaidan Todo esse introito tem como objetivo analisar as “análises” produzidas- em nome da Ciência Política - sobre o resultado das eleições.

A primeira análise de um conhecido sociólogo afirma que não temos hoje em Pernambuco uma nova oligarquia política (e familiar) por que “Eduardo trouxe caras novas” para o proscênio da política estadual.

Geraldo Júlio, Tadeu Alencar, Paulo Camara etc.

Nomes e caras novas.

Mas será esse o critério para avaliar se há ou não uma oligarquia política em Pernambuco? - Caras novas? - Ora, o problema não é a cara, nem a idade, nem a geração.

O problema é a engenharia política responsáveis por uma continuidade administrativa (já vai para 12 anos) do mesmo grupo político e ideológico no poder.

Que agora que lançar na política novas caras novas: a mulher do ex-governador, o filho do ex-governador, o filho da governanta do ex-governador, o primo, o cunhado, o con-cunhado, o tio etc.

Se isso não for uma oligarquia política, deve ser uma variante do familismo amoral, de que fala o sociólogo americano Banfield, típico de países de baixa socialização política, como a Itália, Portugal, Brasil etc.

E não venham dizer que ganhou a eleição pelos méritos, a qualidade, a competência administrativo e coisas do gênero.

Certamente, se não fosse pelo apoio do chefe (e sua família) e a “caixinha”, incluindo o uso da máquina pública, nem o melhor e mais perfeito administrador do Brasil ganharia esta eleição.

A segunda análise é mais problemática ainda.

Discutindo-se a ampla coligação partidária que deu suporte à eleição do candidato governista (coligação que inclui o DEM, o PMDB, o PPS, o PSDB, o PROS, O PSD e outros partidos), a junção de tantas letrinhas díspares ou contrárias foi justificada, num debate, pela mudança de correlação local de forças.

Alegava o analista que com a saída do PT e do PTB da base aliada do ex-governador, era natural que a recomposição da aliança se desse com esses partidos, configurando uma nova “hegemonia” política em Pernambuco: de direita ou centro-direita. É mesmo?

Mas como é possível tal aliança se, no âmbito municipal, estadual e federal, esses partidos farão oposição ao governador eleito?

Seria essa uma aliança de Polichinelo? - De manha, são oposição, de tarde, situação.

E de noite, tanto faz….

Por que não admitir a fragilidade do sistema partidário brasileiro?

Por que não dizer que muitos desses partidos são de aluguel, de quem dá mais, ou de quem tem algo a oferecer? 0 processo de aliciamento, corrupção, compra de legendas para a viabilização de candidaturas e mandatos é crime, crime eleitoral.

E não é porque trai, falseia a vontade do eleitor (que vota num e vê outro eleito). É crime porque muitas vezes esses recursos são “dinheiro não contabilizado”, “caixa dois”, “recursos públicos desviados” para essa operação de compra-e-venda de apoios políticos.

Justificar uma coisas dessas, só se o analista apoia algum candidato que se beneficie dessa fabulosa coligação ou trabalhe para ele.

A propósito, a Justiça Eleitoral não vai investigar nenhum dos indícios de uma milionária “caixa 2” nessas eleições?

Vai ficar o dito pelo não dito?

Tudo o que foi noticiado pela imprensa e consta de autos de processos investigativos na Justiça Federal?

Cadê a lei da ficha limpa? - Onde anda (se anda) a reforma política? - Onde está a campanha pela moralização das eleições?

Tudo “dantes, como no quartel de Abrantes”? - Até a próxima eleição.