Luciana Genro anuncia posicionamento do PSOL com relação ao segundo turno presidencial ao lado de Jorge Paz (vice) e Luiz Araújo (presidente do PSOL e coordenador da campanha).

Foto: Instagram.

A candidata do PSOL à Presidência da República, Luciana Genro, anunciou nesta quarta-feira (8) a posição dela e do partido no segundo turno eleitoral.

Em coletiva de imprensa em São Paulo, a postulante, que obteve 1,6 milhão de votos, soltou uma nota em que expressa neutralidade na disputa. “Vamos seguir lutando para mudar o Brasil: Dilma não nos representa.

Nenhum voto em Aécio”, divulgou o PSOL, no Twitter.

Porém a interpretação não é tão clara quanto a nota.

De certa maneira, adotar neutralidade é apoiar o governo.

No entanto, anunciar aliança com Dilma ou a Aécio iria de encontro ao discurso da candidata do PSOL, que fez severas críticas aos adversários, chamando-os de “três irmãos siameses”, no caso acrescentando Marina Silva. “Entendemos que Aécio Neves, o seu PSDB e aliados são os representantes mais diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina.

O jeito tucano de governar, baseado na defesa das elites econômicas e nas privatizações, com a corrupção daí decorrente, significa um verdadeiro retrocesso”, diz a nota.

Genro também dispara críticas contra Marina, citando o possível apoio dela a Aécio Neves (PSDB). “[O apoio] demonstra a sua incapacidade de representar legitimamente o desejo de mudanças expresso nas ruas e comprova que a “nova política” não pode ser um atributo daqueles que aderem tão rapidamente ao retrocesso”, informa o PSOL.

Quanto a Dilma, o PSOL é mais brando ao afirmar que está distante do desejo de mudanças que tomou as ruas no ano passado. “Por tudo isso, se Dilma vencer o segundo turno, o PSOL seguirá como oposição de esquerda e lutando pelas bandeiras que sempre defendemos, inclusive durante a campanha eleitoral.” A orientação do PSOL aos militantes é tomar a decisão livremente.

Veja a íntegra da nota do PSOL O PSOL cresceu nas eleições de 2014.

Dobramos nossa votação em relação a 2010, num cenário ainda mais difícil.

Agradecemos a cada um dos 1.612.186 eleitores que destinaram seu voto ao fortalecimento das bandeiras que defendemos durante a campanha eleitoral.

Conseguimos dobrar a representação parlamentar do PSOL, que alcançou cinco deputados federais e doze deputados estaduais.

Essas bancadas farão a diferença nos seus estados e no Congresso Nacional na luta por mais direitos.

Nosso projeto sai fortalecido das urnas, conquistando o quarto lugar em uma eleição marcada pela desigualdade da cobertura da imprensa, dos erros das pesquisas, do impacto do poder econômico e do desequilíbrio no tempo de televisão.

Nada disso teria sido possível sem a militância do PSOL, que fez a diferença e conquistou, com muita dedicação, esse expressivo resultado.

Cumprimos o nosso papel, apresentando a melhor candidata e a melhor proposta para o Brasil.

Luciana Genro constituiu-se como a principal referência da esquerda coerente e este é um enorme patrimônio de todo o PSOL.

O programa que defendemos é o programa necessário para que se avance em direção a um Brasil justo e igualitário, livre da exploração e de todos os tipos de opressão.

Esta foi nossa principal missão política nestas eleições, e avaliamos que a cumprimos bem.

Um segundo turno, quando não nos sentimos representados nele, é muitas vezes mais do veto que do voto.

Entendemos que Aécio Neves, o seu PSDB e aliados são os representantes mais diretos dos interesses da classe dominante e do imperialismo na América Latina.

O jeito tucano de governar, baseado na defesa das elites econômicas e nas privatizações, com a corrupção daí decorrente, significa um verdadeiro retrocesso.

A criminalização das mobilizações populares e dos pobres empreendida pelos governos tucanos, em especial o de Alckmin, nos coloca em oposição frontal ao projeto do PSDB e aliados de direita.

Assim, recomendamos que os eleitores do PSOL não votem em Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais.

Não é cabível qualquer apoio de nossos filiados à sua candidatura.

A provável capitulação de Marina Silva à candidatura tucana demonstra a sua incapacidade de representar legitimamente o desejo de mudanças expresso nas ruas e comprova que a “nova política” não pode ser um atributo daqueles que aderem tão rapidamente ao retrocesso. É preciso também afirmar que, diante do que foi o seu governo e sua campanha eleitoral, Dilma está distante do desejo de mudanças que tomou as ruas no ano passado.

Seu governo atuou contra as bandeiras mais destacadas de nossa campanha, como a taxação das grandes fortunas, a revolução tributária que taxe os mais os ricos e menos os trabalhadores, a auditoria da dívida pública, contra a terceirização e a precarização das relações de trabalho, fim do fator previdenciário, a criminalização da homofobia e a defesa do casamento civil igualitário, uma nova política de segurança pública que acabe com a “guerra às drogas” e defenda os direitos humanos, a democratização radical dos meios de comunicação, o controle público sobre nossas riquezas naturais, os direitos das mulheres, a reforma urbana, a reforma agrária e a urgentíssima reforma política, que tire a degeneração do poder do dinheiro nas eleições, reiterado neste pleito, mais uma vez.

Por tudo isso, se Dilma vencer o segundo turno, o PSOL seguirá como oposição de esquerda e lutando pelas bandeiras que sempre defendemos, inclusive durante a campanha eleitoral.

A partir destas considerações, o PSOL orienta seus militantes a tomarem livremente sua decisão dentro dos marcos desta Resolução, conscientes do significado sobre o voto no segundo turno, dia 26 de outubro, e agradece mais uma vez a todos o(a)s seus/suas eleitores(as) e apoiadores(as) pela confiança recebida nestas eleições.

PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE – PSOL São Paulo, 8 de outubro de 2014.

Nos 47 anos da morte do comandante Che Guevara.