Diante do resultado da pesquisa do Instituto Maurício de Nassau (IPMN) que apontou o candidato João Paulo (PT) atrás de Fernando Bezerra Coelho (PSB) na corrida pelo Senado, o postulante petista lançou uma nota em sua página do Twitter assinada pelo filho João Paulo Lima e Silva Filho criticando a metodologia do instituto.

Para João Paulo Filho, doutor em sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco, a tese constatada pela pesquisa é “estapafúrdia e em nada tem a ver com ciência política”.

Veja a íntegra da nota Pela lógica da ciência política João Paulo será o novo senador de Pernambuco por João Paulo Lima e Silva Filho Em matéria publicada no blog do Jamildo, na quarta-feira (02), o “cientista político” Adriano Oliveira comete a proeza analítica de desdizer-se para levantar uma tese estapafúrdia que em nada tem a ver com ciência política.

No texto, o autor defende corretamente o seguinte princípio: “uma única pesquisa eleitoral representa a fotografia do momento.

Um conjunto de pesquisas eleitorais representa as fotografias de variados momentos.

Neste sentido, recomendo sempre aos candidatos que analisem o conjunto das pesquisas e não apenas uma única pesquisa.”.

Mas faz o contrário do que diz no resto do texto.

Ele ainda tem outro mérito no texto.

Partindo dessa premissa correta, que ele mesmo não respeita, também avalia corretamente que nesta eleição para o Senado em particular existem duas tendências: a de manutenção de voto do candidato João Paulo e a de crescimento do candidato Fernando Bezerra Coelho.

O que ele não diz é que existe uma tendência que apenas uma das três pesquisas não reconhece: a que mostra uma estagnação do crescimento de Fernando Bezerra Coelho na reta final e a continuação da estabilidade de João Paulo no mesmo período.

A seriedade de um instituto de pesquisa deve ser medida pelos seus resultados.

Isso é regra num mercado no qual a credibilidade está em sintonia com a isonomia e a autonomia relativa das empresas responsáveis pelas enquetes de sondagem estatística, que dão uma estimativa aproximada das intenções de voto durante o período de campanha eleitoral.

A seriedade de um cientista político, também depende dessa autonomia na esfera analítica, o que não o impede de tomar partido e usar suas análises para beneficiar e municiar suas opções partidárias.

O que não pode é fazer esse tipo de jogatina retórica para contribuir com uma análise imprecisa, incompleta e mal feita dos dados.

Durante a última semana de campanha tivemos diversas pesquisas realizadas para o governo e o senado no estado de Pernambuco, e apenas uma delas, a do IPMN, destoava e muito das outras, quase que invertendo o sentido do resultado do pleito para o senado, dados pelos principais institutos: IBOPE e Datafolha.

O que há de estranho nisso? É claro que essas variações podem de fato existir, inclusive destoando uma pesquisa das outras.

Mas esse tipo de distorção, que inverte o resultado, só pode ser explicado ou por erro metodológico (de amostragem, ou de agregação das proporcionalidades) de uma das pesquisas, ou, o que não é impossível, por má fé ou intencionalidade, na busca do uso ou manipulação do resultado como forma de apelação última para conseguir aqueles votos flutuantes que opinam em função dos possíveis vencedores, o chamado voto útil.

João Paulo Lima e Silva Filho é doutorando no Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp e doutor em sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco.