Por Leonardo Spinelli, do Jornal do Commercio Morreu ontem aos 91 anos de idade o industrial e ex-presidente do Banorte, Jorge Baptista da Silva.
O ex-banqueiro faleceu à noite, no Hospital Português, de causas naturais.
O corpo será velado no casarão onde nasceu, na Avenida Rui Barbosa, nas Graças, e será sepultado às 10h de hoje, no jazigo da família, no Cemitério de Santo Amaro.
O pernambucano Jorge Amorim Baptista da Silva é filho do fundador do Banorte, Manoel Baptista da Silva.
Ele deixa quatro filhas e a esposa, Rosa Colaço da Silva Oliveira.
Jorge Baptista se notabilizou como um grande incentivador da tecnologia bancária.
O antigo Banorte foi fundado em 12 de outubro de 1942, se tornando uma marca muito forte na região.
Sinônimo de “amigo na praça”, como diziam seus comerciais, a instituição se firmou pelas novas tecnologias que começou a adotar.
O primeiro computador da IBM que chegou ao Estado de Pernambuco, em 1964, foi para o setor de processamento de dados do Banorte.
O industrial Marcos Ramos, da Pamesa, conta que conheceu Jorge Baptista quando era um pequeno empresário. “Sempre tive uma boa acolhida no banco e desenvolvi muitos dos meus negócios com o apoio do Banorte”, disse. “Conhecia Jorge há muitos anos e tinha admiração por ele, empresário sério de conduta e simples nas atitudes. É uma perda para Pernambuco”.
Nos anos 70 e 80, o Banorte se destacou pelos investimentos realizados na área de tecnologiapara melhorar a comunicação entre suas agências, distribuídas praticamente em todos os Estados.
Ainda nos anos 70, a instituição implantou comunicação via teleprocessamento entre seus centros de processamento em São Paulo, Rio e Recife.
Presidente do Sindicato das Indústrias Mecânicas (Simmepe), Alexandre Valença destacou o perfil industrial do banqueiro. “Ele marcou muito a industrialização de Pernambuco no setor têxtil”.
O grupo dele liderou uma série de empresas e trouxe inovações para a indústria têxtil, numa produção integrada na fábrica da Torre.
Sua indústria fazia o tecido e o confeccionava durante as décadas de 60 e 70.
Foi o apogeu dessa indústria no Estado", lembrou.
O ex-governador Gustavo Krause destaca a importância da família do banqueiro na paisagem do Recife. “Morei na Torre quando criança e via a fábrica e o casarão como a morada de um gigante.
Como eu soube depois, ali estava uma família que alavancou o progresso de Pernambuco.
O Banorte era um orgulho do Estado.
Sua marca é indelével”.
O banco foi uma instituição muito forte até a década de 90, mas não conseguiu sobreviver à estabilização da moeda a partir de 1994.
Em 1996, o Banco Central decretou intervenção.
Os ativos foram comprados pelo Bandeirantes e depois incorporados pelo Unibanco.
Em 2010, o Banco Gerador, do empresário Paulo Dalla Nora, comprou as marcas do Banorte.
Homem do casarão e da fábrica da Torre Por Fernando Castilho, do JC.
Jorge Amorim Baptista da Silva nasceu em 19 de junho de 1923 na mesma casa nº 1.229 da Av.
Rui Barbosa, onde será velado a partir das 8h de hoje.
Filho do “capitão de empresas” Manoel Mendes Baptista da Silva e de Maria Thereza Ribeiro de Amorim, era engenheiro têxtil de profissão e banqueiro por opção.
Empresário de sucesso no setor têxtil e extremamente discreto, liderou por mais de quatro décadas o Banco Nacional do Norte S.A, o Banorte, fundado pelo seu pai em 1942 e cujo slogan, “um amigo na praça”, tornou se um ícone da propaganda brasileira.
O Sistema Banorte foi um dos mais importantes na Região Nordeste e sempre pautou sua atuação como agente de financiamento de empreendedores.
Foi também precursor da automação bancária com seus terminais de autoatendimento.
Jorge Batista da Silva sempre foi um entusiasta da gestão profissional e sua empresa foi considerada um celeiro de bons técnicos.
Durante anos, o Banorte foi um sinônimo de showroom tecnológico.
Também se notabilizou pela qualidade de suas agências, decoradas com peças de artistas pernambucanos.
O empresário também foi dono da Pedra Cerâmica Santo Antônio, que concorria com a Oficina Cerâmica Brennand no segmento de piso.
Jorge Baptista da Silva também foi presidente de uma das mais importantes empresas do setor têxtil de Pernambuco, o Cotonifício da Torre, que originou o bairro do mesmo nome e onde a família ainda detém a propriedade de quase 12 hectares.
Na década de 80, o Banorte chegou a comandar um grupo de várias empresas: segurança de valores, vigilância imobiliárias, gráfica e até uma agência de publicidade, a Gravatahy.
Mas o forte sempre foi o banco, cuja a presidência do conselho deu a Jorge Baptista da Silva assento no Conselho Monetário e interlocução com os presidentes do Banco Central. Último banco privado importante no Nordeste - onde teve 53 de suas 83 agências -, o Banorte empenhava-se em ocupar o vácuo deixado pelo Econômico, da Bahia.
Jorge Batista da Silva personalizava o caso do banqueiro nordestino, cuja família estava no negócio há mais de 50 anos.
Com seu apego ao controle, fez crescer na cidade uma mística sobre sua personalidade: a do homem que morava num casarão que nunca dava entrevista.