Por Ulysses Gadêlha, do Jornal do Commercio A eleição do ex-ministro Jaques Wagner (PT), em 2006, para governador da Bahia significou uma suposta derrota do “carlismo”, termo que faz referência ao grupo do ex-governador Antônio Carlos Magalhães (ACM), o qual se perpetuou por décadas nos altos cargos eletivos do Estado.
Em 2014, após dois mandatos do PT no Palácio de Ondina, o “carlismo’ dá indícios de que poderá retornar ao governo estadual, já que o ex-governador Paulo Souto (DEM) lidera com folga todas as pesquisas de intenção de voto.
A última, divulgada pelo Ibope no dia 24 de setembro, deu o democrata com 43% ante o candidato da situação, Rui Costa (PT), que apesar do crescimento nas menções, tem 27% pontos percentuais.
Mais apertada que a corrida ao governo, a disputa pelo Senado tem o candidato Geddel Vieira Lima (PMDB), da coligação de Paulo Souto, à frente com 33% das intenções de voto.
O postulante da chapa de Rui Costa, Otto Alencar (PSD), figura no segundo lugar, com 29% pontos percentuais.
O ex-governador Paulo Souto (DEM) lidera com folga todas as pesquisas de intenção de voto.
Foto: divulgação.
Segundo o cientista político Gilberto Almeida, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), os dois mandatos de Jaques Wagner contribuíram com o desgaste da imagem do PT no eleitorado baiano.
O partido teria ganhado dura resistência dos professores e policiais militares.
Ambas as classes promoveram prolongadas greves, descontentes com a política salarial do petista. “O Rui Costa era um desconhecido que Wagner achou que podia apadrinhar, como Lula fez com Dilma, só que não está dando muito certo”, explicou.
Rui Costa (PT), apesar do crescimento nas menções, tem 27% pontos percentuais.
Foto: divulgação.
Por sua vez, o DEM trabalha insatisfação do PT e aprovação da gestão do prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM), em Salvador, para referendar o nome de Paulo Souto. “ACM Neto sabe que está jogando bem, está exibindo suas obras na prefeitura, vitrinizando seu trabalho, na intenção de galgar seu próprio caminho ao governo do Estado.
Ele sabe que Paulo Souto não aguentaria dois mandatos, o que lhe colocaria na posição de sucessor natural. É a retomada do carlismo”, sustenta Almeida.
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Rui Costa estabelece como prioridades saúde, educação, infraestrutura e segurança pública, levando em conta o trabalho deixado por Jaques Wagner, principalmente no interior do Estado.
Na visão do professor Gilberto W.
Almeida, o que é mais urgente para a Bahia é a questão da infraestrutura, principalmente a construção do Porto Sul de Ilhéus. “Essa obra seria a redenção sobre a cultura do cacau, que já definhou.
Com o porto, deixaremos de depender de Suape e alavancamos nossa economia”, defende Almeida, ressaltando que o projeto do porto ficou encalhado durante todos os anos do governo petista e só em 2014, teve a licença ambiental liberada pelo Ibama. “Para essa obra ser concluída, coloque mais oito anos”, complementou o cientista.