O silêncio que grita Por Roberto Numeriano, candidato a deputado federal pelo PSOL A fala da viúva do ex-governador Eduardo Campos, d.
Renata Campos, que está sendo veiculada no guia de Paulo Câmara, é o maior sinal do artigo aqui postado (e também no blog de Jamildo), acerca do perigo que é eleger Câmara.
Dona Renata não menciona, sequer uma vez, a candidata Marina.
Mas o que isso tem a ver com o perigo acima referido?
Esse silêncio demonstra que o PSB de Pernambuco não está representado no PSB nacional.
Ou seja, o poder imperial e absoluto de Eduardo Campos virou pó, do dia pra noite, com seu falecimento.
O PSB de Pernambuco acusou o golpe, pois ficou de fora de tudo o que diz respeito à candidatura Marina.
Magoado, “de mal com você”, jogaram Marina na bacia da almas, em relação à disputa presidencial em Pernambuco.
Também postei no facebook o texto “Pernambuco e os turnos”, dia 22, prevendo que era provável uma virada de Dilma em Pernambuco, talvez até no primeiro turno.
As pesquisas divulgadas ontem e hoje estão confirmando isso.
Mas aqui ocorre o maior perigo para Câmara: uma virada de Dilma não vai ocorrer, necessariamente, isolada no quadro da disputa para presidente no Estado.
O empate entre Câmara e Monteiro demonstra isso, segundo pesquisa Ibope de ontem, dia 23.
Peço desculpas aos realizadores da pesquisa do Ipespe, instituto que considero idôneo, mas acho muito improvável que, contrariando uma pesquisa do mesmo instituto, feita poucos dias antes (a qual mostrava empate de 33% a 33%, entre Câmara e Monteiro), poucos dias depois a diferença tenha subido para 10%, pró-Câmara.
Tem algum grave viés e desvio metodológico que eu não saberia dizer a causa.
Restando 11 dias para a eleição, está nas mãos da campanha de Monteiro decidir a eleição agora, mesmo ela indo pro segundo turno.
Como assim?
A presença de Lula e Dilma nos próximos dias será fundamental para soprar a onda vermelha, que varre Minas, todo o Nordeste e as outras regiões (e até o Sudeste).
Essa onda tenderá a ser crescente, sobretudo se Dilma vencer no primeiro turno ou passar para o segundo com larga vantagem percentual (entre 7% e 10%, por exemplo).
Por fim, a presença de d.
Renata no guia significa que acendeu a luz amarela no comitê de Câmara: o apelo pro emocionalismo como instrumento é o último refúgio do irracionalismo na política.
E o uso abusivo e instrumental da emoção é, sob certos limites, um desrespeito à memória do próprio ex-governador.
Não considero que seja o caso dela, pois não se questiona que o seu engajamento e palavras sejam totalmente sinceros (sua fala, para mim, é em essência a de uma grande esposa e mãe que perdeu o companheiro).
Mas creio que o mundo político que a rodeia desde o primeiro momento reverbera de modo abusivo e tosco a perda fatal do líder político.
Pode ser que uma grande parcela do eleitorado pernambucano tenha percebido isso, passados quase dois meses.
E, serenado do choque, comece a analisar com cuidado o que está em jogo.
Vamos ver.
Roberto Numeriano é jornalista, cientista político e professor.