Aécio Neves em encontro com as mulheres durante campanha.

Foto: instagram/divulgação.

Uma situação, no mínimo, inusitada deixou a equipe de marketing do candidato à Presidência da República, Aécio Neves, em apuros.

Durante um bate-papo com a militância do partido, uma socialite que intitulou-se “cientista urbana” Ione Zukauskas, 56, chegou ao comitê de Aécio, em São Paulo, ao lado da filha, Marion, 17, “modelo internacional”, ressalta a orgulhosa mãe, e da cachorrinha Maria Eduarda, a Duda, uma spitz alemã em seu carrinho cor-de-rosa.

A combinação da cadelinha no carrinho pink, uma top e uma ativista são a receita explosiva para tirar os holofotes do candidato.

A colunista da Folha de S.

Paulo, Eliane Trindade, presenciou o fato e analisou que como a presença de figuras com o trio embaralham o script detalhadamente pensado para cada aparição pública dos candidatos, sempre cercados de uma horda de repórteres e fotógrafos, também prontos para flagrar o inusitado e as cascas de banana pelo caminho.

Na tentativa de abafar as participantes, o trio foi interceptado logo na entrada.

Uma assessora tucana pede para Ione retirar o pet e seu carrinho do local.

Com um envelope branco na mão para entregar ao candidato, a militante é levada para uma sala reservada.

Uns dez minutos depois, sai de lá irritada. “Não querem que a minha cadelinha apareça, pois dizem que é coisa de elite e que vão pensar que é um evento elitizado”, lamenta.

A cadelinha Duda é levada para uma sala no primeiro andar. “Agora, a pobrezinha tá lá em cima, chorando, coitadinha.

Pediram pra eu sumir também com o carrinho”, relata Ione.

Segundo a Folha de S.

Paulo, a assessoria do tucano também foi rápida na retirada da cadelinha do caminho de Aécio.

Tanto Duda quanto suas donas chegaram ao comitê com o bottom em formato de rosa nas cores do partido e com o número do candidato tucano à Presidência no peito. “Viemos aqui entregar para o Aécio um plano de desenvolvimento sustentável”, explicava Ione.

Modelo ao lado da cachorrinha Duda.

Foto: Elisa Feres/Terra.

O estresse aumenta com a chegada do candidato às 12h13.

A incansável Ione se coloca a postos para entregar, em mãos, a sua proposta a Aécio. “Nosso presidente está chegando”, anuncia a mestre de cerimônias.

Como não consegue se aproximar do candidato na entrada, Ione faz chegar a Maria Helena sua insatisfação por não poder fazer perguntas, enquanto vê assessores levando até a frente uma jovem empurrando um carrinho de bebê cor-de-rosa que transporta as filhas gêmeas da desempregada Luciane Amaral. “Não participo dos benefícios do governo, não recebo Bolsa Família”, reclama a jovem mãe para Aécio.

Diz ainda que a falta de creches a impede de trabalhar. É a deixa para o tucano criticar as políticas sociais petistas e colocar suas propostas para a área diante da audiência.

A decoradora não se conforma.

Senta-se duas fileiras atrás da coordenadora do encontro e vai cutucando as mulheres à frente até chamar a atenção de Maria Helena. “Pelo jeito, só pobre pode falar?”, indigna-se a eleitora campineira.

Minutos depois, Ione interrompe a fala do candidato e dá o seu grito. “Aqui tem preconceito.

Represento a ciência e não posso falar.

Ninguém acredita na ciência.” Um assessor trata de acalmar a intrépida militante, que sai resmungando, inconformada com o critério de seleção das escolhidas para fazer perguntas ao tucano. “Pelo jeito, o que pobre fala é lei.

Eu também estou desempregada como a mãe dos gêmeos.

Sou cientista, tenho quatro filhos, quatro cachorros e dois netos.” FALTA D’ÁGUA Ione não desiste.

Posiciona-se para entregar o envelope na saída do comitê, próxima ao carro que transportará o candidato.

No corpo a corpo, não conseguiu fazer chegar a Aécio seu “Projeto de Resgate Paisagístico do Brasil”. “Ninguém aqui quer falar da falta d’água.

Vamos morrer todos.

Tivemos zero de safra esse ano em São Paulo.

Alckmin tá eleito.

Ele, não.” Apesar de reclamar da “arrogância” dos assessores, ela pretende votar em Aécio.

Nem o apelo da sustentabilidade, a bandeira mais associada a Marina Silva, a fez abandonar o barco tucano. “Votar em Marina é voltar a andar de pé no chão de novo.

Sem conforto não dá mais.

O homem conheceu a evolução, o iPhone, o ar-condicionado”, afirma.

Dilma também é criticada. “Precisamos mudar ou os pobres vão mandar no mundo.” O mais próximo que conseguiu chegar de Aécio foi para fazer uma foto da filha ao lado do candidato.

Com seus faiscantes olhos verdes e de shorts, a modelo conseguiu vencer a barreira de seguranças.

Mãe e filha checam a qualidade do clique feito pelo celular.

Ficam satisfeitas.

Deixam o comitê cerca de 20 minutos após a partida do tucano. É quando vão resgatar a cachorrinha Duda e o seu carrinho pink.

Confinamento providencial que evitou que virassem atração no circo montado pelo “CQC” e “Pânico na Band” na entrada do comitê durante a passagem do candidato.

Foi por pouco.