Abelardo da Hora esculpiu várias obras espalhadas pelo Recife.

O nu feminino é uma de suas marcas Fotos: Helia Scheppa/JC Imagem Por Fernando Castilho, colunista do JC, especial para o Blog de Jamildo Quer saber qual a maior contribuição de Abelardo da Hora para o desenvolvimento das artes plásticas?

Basta ver o número de obras de arte que cada prédio do município do Recife com mais de 20 mil m² tem nas suas fachadas ou nos seus jardins.

Para quem é novato, ou não sabe disso, foi “Beleu”, como seus amigos mais próximos o chamavam, quem “inventou” junto com o professor Antônio Baltar, na gestão de Miguel Arraes, na Prefeitura do Recife, a lei que obriga - além de um espaçamento de 10 metros entre um prédio e outro – que seja colocada uma obra de arte de um artista plástico referenciado.

Isso fez da cidade do Recife uma espetacular galeria de arte a céu aberto e que a própria Prefeitura do Recife não sabe do tamanho exato, o consagraria como um artista visionário e muito à frente de seu tempo.

O Diabo é que Abelardo da Hora era um dos mais irrequietos artistas plásticos desde os 20 anos e foi na verdade quem deu a densidade plástica ao Movimento de Cultura Popular.

A gente esquece que Abelardo da Hora produziu aos metros quadrados todo tipo de arte para tudo quanto material sólido e foi um dos maiores líderes do movimento de arte urbana do Brasil.

Tem mais: o volume de obras que seu Abelardo da Hora produziu é de tal ordem em metragem e cubagem que poucos artistas brasileiros contemporâneos produziram igual.

Abelardo trabalhava aos 90 anos num ritmo que muita gente com 45 anos não aguenta.

E isso ia do concreto ao ferro e vai por ai.

Quando a gente anda pelo Recife normalmente esbarra numa obra de Abelardo da Hora.

Vai de Shopping Center a Metrô de Parque a painéis em azulejo que quando a gente olha vê a assinatura dele.

Por isso a morte de seu “Beleu” aos 90 anos surpreende.

Na cabeça dele tinha coisa desenhada para daqui a pelo menos 10 anos.

Quem o conhecia sabia que ele estava sempre desenhado, escrevendo e inventando coisa.

Por isso é que hoje a gente vai dormir pensando o que seu Abelardo (de todas as horas) estava pensando para o ano que vem, e depois e depois e depois…