Por Júlio Lossio, especial para o Blog de jamildo Nos últimos 30 (trinta) anos os brasileiros vêm aprimorando o legado grego da democracia reafirmando através do processo eleitoral direto o regimede governo onde o povo é quem deve escolher os seus governantes, os quais são pessoas do povo que, em tese, se oferecem para representar os seus iguais em um ato cívico e de amor à sua nação.

Isto é, os postulantes a cargos públicos eletivos devem ter como único propósito o bem comum, inclusive em sacrifício de seu próprio bem.

Obviamente que depois de tantas tentativas - com erros e acertos –evoluímos bastante, todavia ainda temosas mazelas de muitos candidatos se comportarem feito pescadores em busca de peixes.

No caso, de eleitores, ondeutilizam várias iscas pra atrair a sua pesca, e, não raro são substituídas por verdadeiras bombas de dinamite, tornando a pescaria em uma verdadeira mortandade.

Um bom exemplo de explosão dessa natureza vem ocorrendo no processo eleitoral vigente em Pernambuco, notadamente quando certos candidatossurgem das sobras e se apresentam como verdadeiros salvadores da pátria e re-inventores da roda, e sinicamente afirmam terem feito o que não fez ou afirmam meias verdades cônscios de queseu engodo atrairá vários peixinhospara morrerem em suas redes explosivas.

Cite-se então o candidato do PSB ao senado federal que afirma em alto e bom som ter deixado a cidade de “Petrolina 80% (oitenta por cento) saneada” quando foi prefeito nos idos de 2005 e 2006.

E mais, quando contrariado logo saca do ardil de que faz prova de suas assertivas com os dados fornecidos peloSNIS - (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), porém deixando oculto o fato de que é a própria COMPESA quem as fornece.

Assim, em que pese às informações contidas naquele sistema, ela não retrata a realidade do saneamento de tal urbe, que o diga a população de Petrolina.

Certamente que os serviços públicoshidro-sanitários em todo o estado de Pernambuco não é exatamente o que sepode adjetivar como satisfatórios e eficazes, tanto é que no ranking das concessionárias prestadoras desses serviços no País, a Pernambucana ocupa os últimos lugares, e por isso mesmo é que a isca explosiva denominada “80% de saneamento” pode ser tão eficiente para a captura de eleitores incautos.

A estória contada no episodio novelesco-eleitoral está baseada naspoucas obras de implantação de redes de esgotos dos idos dos anos 2000, porém, sem as necessárias ligaçõesresidenciais, fazendo com que a população fizesse-as na crença de que havia esgotamento sanitário e não apenas canos enterrados.

Ou seja, a rede de esgotos não tem destinação, não é levada a qualquer estação de tratamento e, por fim, não foi realizada à proporção de 73% (setenta e três) do município como informaram para o SNIS, tão pouco os 80% (oitenta por cento) alardeado pelo candidato.

Para se ter uma idéia do engodo toda a zona Oeste urbana de Petrolina não tem tratamento sanitário, bem como a área Leste e a zona central da cidade.

Nestes locais existe rede de esgoto que despejam os dejetos “in natua” no Rio São Francisco em verdadeiro crime ambiental de natureza continuada.

Também não se pode dizer que Petrolina não tem sistema de tratamento de esgoto, ela tem sim.

São várias lagoas de estabilização que deveriam tratar os esgotos de parte da cidade, porém a COMPESA jamais fez, sequer, uma só manutenção nelas, ocasionando o seu colapso total e, por conseguinte, não servindo aos fins a que se destina, devolvendo ao Rio São Francisco, mais uma vez uma água servida fétida e altamente poluente.

E o mais interessante nas assertivas do candidato é que ao tempo em que eleafirma ter deixado 80% de sua cidade natal saneada também lutavajudicialmente pela retomada dos serviços de fornecimento de água e esgoto para Petrolina, exatamente por falta de investimentos e da grande deficiência da COMPESA.

Mais tarde, e já passando o seu cajado para o seu vice, sob a alcunha de aditivo contratual, foi realizado um novo contrato entre o município de Petrolina e a COMPESA em fins de 2007, onde esta tinha a obrigação de fazer exatamente o que o candidato disse já ter feito um ano atrás.

Infelizmente passaram-se quase 07 (sete) anos e a COMPESA não conseguiu cumprir com as suas obrigações contratuais, não obstante o rio de dinheiro despejado em seus cofres pelo Governo Federal.

Enfim, o município de Petrolina se viu obrigado a rescindir o seu contrato com a COMPESA por causa de descumprimentode suas cláusulas, estando ela permanecendo na operação dos sistemas de água e esgoto por força da concessão de uma liminar concedida pelo juízo da comarca de Recife/PE.

Portanto caro eleitor quando viresalguém dizendo que saneou 80% (oitenta por cento) de sua cidade natalícia há época em que foi prefeito, corra para bem longe, pois isso nada mais é do que uma isca explosiva.

E isca é sinônimo de engodo, enganação, ardil cuja única finalidade é a de enganá-lo para tirar de você o que você tem de mais valioso como cidadão: o seu voto.

Ressalte-se que em Petrolina essa estória de saneamento de 80% da cidade mais separece com a fábula de Gepeto e Pinóquio contada por um pescador de votos.