Eunício Oliveira (PMDB): 42% nas pesquisas e R$ 99 milhões no banco.
Foto: reprodução do Facebook Por Paulo Veras, repórter do Blog.
Se já estava acirrada, a eleição para o Governo do Ceará subiu de tom ao longo da última semana, depois que a revista Istoé incluiu o nome do governador Cid Gomes (PROS) na lista de possíveis beneficiados por um esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.
Pelo Facebook, Ciro Gomes (PROS), irmão do governador, que disputou a Presidência da República em 1998 e 2002, acusou o senador Eunício Oliveira (PMDB), candidato ao Palácio da Abolição, de ter dado “dinheiro de propinas” à revista para caluniar Cid.
A pedido do governador, a juíza Maria Maciel Queiroz, da 3ª Vara de Família de Fortaleza, chegou a suspender a circulação da revista, mas a medida foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Leia também: Gomes e Jereissati comandam o Ceará desde 1986 A apreensão pode ser para que a denúncia não interrompa o crescimento do candidato apoiado pelos irmãos Gomes, o deputado estadual e ex-secretário das Cidades Camilo Santana (PT).
Entre julho e setembro, o petista subiu 20% no Ibope e 12% no Datafolha.
Para o professor Valmir Lopes, coordenador do Laboratório de Estudos Sobre Política e Eleições da Universidade Federal do Ceará (UFC), o impacto do caso deve ser mínimo. “O eleitorado do Ceará é muito tradicional.
E muito dependente do governo”, explica.
Por enquanto, o candidato do governo está em segundo lugar nas pesquisas.
Quem lidera é Eunício, que se elegeu senador na chapa de Cid Gomes em 2010, derrotando o ex-governador Tasso Jereissati (PSDB).
Quatro anos depois, o tucano volta a disputar o Senado na chapa do peemedebista.
A dupla tem forte presença política no estado e nacionalmente.
Tasso já exerceu três mandatos de governador e já presidiu o PSDB nacional.
Eleito com 2.500 votos a mais que o próprio Cid em 2010, Eunício já foi ministro das Comunicações no governo Lula (PT) e é o atual líder das bancadas do PMDB e da Maioria no Senado.
MILHÕES - Eunício e Tasso também são os candidatos a governador e a senador mais ricos do País.
O peemedebista declarou R$ 99 milhões à Justiça Eleitoral.
Já o colega tucano afirmou ter mais de R$ 389 milhões em bens.
Por causa das fortunas, os adversários chegaram a apelidá-los de “clube dos riquinhos”.
Em 2012, o cenário político no Ceará era diferente.
Os irmãos Gomes, na época no PSB, travaram uma disputa dura com o PT pela Prefeitura de Fortaleza.
Os petistas acabaram perdendo para o então presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Roberto Cláudio, hoje no PROS.
Camilo Santana: nome do PT fiel aos irmãos Gomes.
Foto: reprodução do Facebook.
A legenda abrigou os irmãos Gomes depois que eles saíram do PSB em outubro do ano passado, brigados com o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
Os Gomes eram contra a candidatura presidencial do pernambucano, que em 2010 barrou o nome de Ciro na corrida pelo Palácio do Planalto. “Todo esse quadro político foi desencadeado pela movimentação nacional do Eduardo Campos”, avalia Valmir Lopes.
Desde então, os irmãos reforçaram a relação com a presidente Dilma Rousseff (PT), que tem o apoio do PROS na corrida presidencial.
Nem por isso os atritos com o PT cearense foram resolvidos.
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O nome de Guimarães, porém, foi fritado por aliados dos Gomes.
Irmão do ex-presidente do PT, José Genoíno, Guimarães chegou a ser envolvido no escândalo do Mensalão depois que um assessor foi flagrado com R$ 100 mil dentro da cueca.
A prisão virou manchete nacional.
No final, Cid acabou com um petista do seu próprio núcleo político concorrendo ao governo e indicou um aliado pessoal, o deputado estadual Mauro Filho (PROS), para disputar o mandato de senador.