O discurso de Dilma, no final da noite deste quinta-feira, não se deu por acaso.

Mesmo sem citar o nome da concorrente Marina Silva, a fala deixou explicito todos os elementos que estarão presentes na campanha de desconstrução da adversária socialista, nas próximas semanas com o objetivo de impedir a continuidade de seu crescimento e uma eventual vitória, ainda no primeiro turno.

O cenário descrito na coluna Painel desta sexta-feira já era realiadade nesta quinta-feira, no Recife, no comício de Brasília Teimosa. “O PT começou a mobilizar sua máquina sindical para engrossar os ataques a Marina Silva.

Líderes da CUT, ligada ao partido, vão organizar atos com trabalhadores contra a candidata do PSB.

Ela será acusada de ameaçar o pré-sal, ao defender mudanças na política energética, e os bancos públicos, ao propor maior financiamento privado a programas de habitação.

Os dois temas já são martelados pela campanha da petista Dilma Rousseff para minar o crescimento da adversária”, informa o jornal.

Pré-sal No evento desta quinta, ficou claro que Dilma quer usar o pré-sal contra Marina como o PT usou as privatizações contra os tucanos, tentando emparedá-los.

Em política, uma acusação não precisa ser verdadeira, necessariamente.

Basta que os adversários sejam cobrados a dar explicação.

Na praia do Pina, Dilma reclamou de quem colocou o pré-sal em suspeição e disse que tinha que ser prioridade. “Quem é contra o pré-sal, são os mesmos que querem acabar com o Estaleiro Atlântico Sul.

Acabar com os 16 mil empregos criados aqui.

São os mesmos que não querem que se mude a educação e se pague ,elhor aos professores”, comentou, em uma satanização que visa incutir medo nos eleitores.

A presidente Dilma Rousseff participará de uma caminhada em defesa do pré-sal, no Rio de Janeiro, em mais uma tentativa de criar um fato político para fazer um contraponto a Marina Silva (PSB), sua principal adversária.

O comando da campanha pela reeleição negocia a participação dos quatro candidatos ao governo do Rio que integram a base aliada do governo Dilma e a ideia é que a caminhada ocorra no próximo dia 15.

Nesse mesmo dia está previsto, no Rio, um grande ato de artistas e intelectuais em apoio à reeleição de Dilma, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O comando da campanha petista faz de tudo para colar em Marina a pecha da candidata com propostas “inconsistentes”, que não tratou o pré-sal como prioridade em sua plataforma de governo e planeja reduzir o papel dos bancos públicos, caso chegue ao Palácio do Planalto.

A Federação Única dos Petroleiros, filiada à CUT, vai organizar o ato do pré-sal. “Temos uma chance para investir na educação.

Não podemos fazer como a Marina, que desdenha essa riqueza”, diz José Maria Rangel, dirigente da entidade, no Painel desta sexta-feira.

Bancos O outro ponto é a sua ligação pessoal com uma das herdeiras do banco Itaú, Neca Setúbal.

Como não pode bater de frente, o PT arrumou o discurso em defesa dos ‘bancos públicos’.

Dilma destacou que projetos sociais podem ser afetados se o governo não usar os bancos públicos para subsidiar por exemplo, programas como o “Minha Casa Minha Vida”, o “Luz Para Todos” e o Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

No Painel da Folha de São Paulo desta sexta-feira, informa-se que bancários da Caixa e do Banco do Brasil já trataram das manifestações com dirigentes do PT.

Um aliado de Dilma ensaia o discurso: “A proposta da Marina é enfraquecer os bancos públicos e torná-los mais atrativos para serem vendidos”.

Mudança de lado Para desgastar Marina, a campanha de Dilma também pretende mostrar que ela é uma “contradição ambulante”, como a ex-ministra do Meio Ambiente tem sido chamada no PT.

Nesta sexta, Marina Silva lamentou a crítica do candidato tucano Aécio Neves de que ela muda de opinião ao sabor do momento.

Aqui no Recife, sempre sem citar nomes, Dilma reclamou de ‘cara de pau’ e desinformação. “Estamos aqui para dizer a verdade”, prometeu. “Tem de teimar que a água barrenta vai virar cristalina.

Tem de ter crença, acreditar e não desistir.

Se não tiver convicção, compromisso e coragem. É o caso dos nossos pessimistas, que desistem antes de começar”, afirmou.

Marina A candidata à Presidência Marina Silva (PSB) disse nesta sexta-feira que está sendo perseguida pelo PT e pelo PSDB por causa do seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto.

Em entrevista à CBN, Marina disse que seus adversários vivem “situação de quase desespero” e que a atitude da campanha da presidente Dilma Rousseff, de abrir investigação sobre a renda que obteve com palestras nos últimos anos, é uma tentativa de criar “factoides”. “Está acontecendo uma atitude lamentável, uma verdadeira perseguição.

Estão vasculhando a minha vida em todos os lugares” disse a candidata.