Foto: reprodução do Facebook Por Maurício Costa Romão, especial para o Blog de Jamildo Mais uma vez é oportuno lembrar Ortega Y Gasset: “O homem é ele e suas circunstâncias”.
As “circunstâncias” que embalam a candidatura de Paulo Câmara sempre foram, desde o seu lançamento, eleitoralmente muito fortes.
Vinte e um partidos coligados, com proporcionais pedindo voto para a majoritária, metade do tempo de rádio e TV, inúmeros prefeitos aliados, com suas bases de vereadores, cabos eleitorais, candidatura bancada por governo muito bem avaliado e lançada por governador de grande prestígio e popularidade, etc.
O “homem” se encaixava como lídimo suporte das circunstâncias: pessoa jovem, bem apessoada, íntegra, dedicado à família, trabalhador, técnico competente, reverenciado por onde passou, etc.
Juntavam-se, então, os ingredientes do homem e das circunstâncias para tornar a candidatura de Paulo Câmara altamente competitiva.
Enfrentava, todavia, um concorrente com histórico pessoal, político e profissional invejável.
Sabedor e orgulhoso dos seus qualificativos, Armando Monteiro desde sempre se dispôs a candidatar-se a governador.
Não obtendo apoio junto à aliança que lhe havia elegido senador, abraçou carreira solo e o fez com méritos.
Percorreu todo o estado, celebrou alianças importantes, juntou-se ao PT, de grande densidade eleitoral no Recife, montou uma chapa majoritária muito bem credenciada, e fez uso de sua experiência para verbalizar discursos críticos coerentes, mesmo em disputa contra um governo de larga aprovação do povo.
As pesquisas que se sucederam umas às outras, até a morte de Eduardo Campos, apontavam o combativo senador bem à frente de Paulo Câmara.
Tudo indicava, todavia, que o “homem e suas circunstâncias” iriam portar melhores números de intenção de votos, a partir do Guia Eleitoral, especialmente porque as pesquisa do IPMN mostravam que Paulo era desconhecido por 60% da população pernambucana.
Quis o destino que essa fundada expectativa fosse materializada muito mais rapidamente do que se esperava.
Os números agora disponíveis, em ascensão meteórica, foram propelidos por uma alavanca de alto conteúdo emocional: o precoce e trágico desaparecimento de Eduardo Campos.
Os contendores, nesta pesquisa do IPMN, já estão em empate técnico.
Entretanto, a cautela sugere esperar os próximos levantamentos eleitorais para avaliar o contorno das novas configurações de voto.
Mas dado o clima que se formou em torno da campanha pessebista, a partir dos números do Ibope e do IPMN, não seria ousadia prever que tais números continuem em trajetória ascendente para Paulo Câmara.
Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau.